Sergio Rodrigues – mestre do design brasileiro

01/09/2014 por Juliana Rangel

O carioca  Sérgio Rodrigues era considerado um dos principais designers do Brasil, que apesar de inicialmente não ter pensado na sustentabilidade em sua produção, mostrou arrependimento por falta de conhecimento e suas últimas peças eram todas feitas com madeira certificada.

Sérgio nasceu em 1927, e teve o auge do seu trabalho na década de 50, período em que a arquitetura moderna foi consolidada, seu mobiliário é internacionalmente conhecido por exaltar a cultura brasileira. Sua peça mais famosa é a “Poltrona Mole”, um ícone do design nacional, que está no acervo do MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York).

Seu auge foi numa época em que não se falava em conservação da madeira e admite que errou por falta de conhecimento. Tinha paixão pela madeira e foi um mestre no seu uso,sempre procurava inovar nos detalhes construtivos, como cavilhas, pinos de madeira encravados explícitos e pinos como estrutura. E valorizava o trabalho dos artesões, dizia que era impossível ter feito seu trabalho sozinho, sem a ajuda dos artesões brasileiros.

Sergio Rodrigues

“Eu me considero o assassino do jacarandá. Porque usei essa madeira a dar com pau. Nessa época, nos anos 60, tinha jacarandá na esquina.
Eu me sinto absolutamente culpado pela extinção do jacarandá. Mas eu não sabia desse risco. Todo mundo usava jacarandá. A minha empresa, a Oca, fazia tudo que é tipo de móvel com jacarandá até o final dos anos 70.
Quando fiz os móveis da Manchete, nos anos 80, usei jacarandá e mogno que o Adolfo Bloch tinha.
Não perguntei como tinha conseguido a madeira. Era normal. Não era crime ambiental. Fiz mesas de mogno com 5 cm de espessura.
Tenho paixão por jacarandá, mas para mim essa madeira morreu. Ganhei uma bengala de jacarandá que é uma beleza.
Não sei se terei idade para ver essa madeira ser usada novamente. Ela demora mais de cem anos para virar árvore grande. Tenho 82 anos.
Hoje só uso madeira certificada, aquela que os técnicos garantem que não foi desmatada, mas cultivada. A falta de jacarandá não afetou em nada a minha criação.”

Depoimento especial para Folha Ilustrada 

Sérgio Rodrigues, faleceu hoje pela manhã, nos deixou um grande legado de design e mostrou a importância de repensar seus valores, mesmo sendo um mestre consagrado na sua arte.

 

Imagens: Divulgação

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