Jardim das Perdizes – o novo bairro sustentável de São Paulo

29/08/2014 por Redação SustentArqui

Foi realizada esta manhã uma visita técnica ao canteiro de obras do empreendimento Jardim das Perdizes, que é o primeiro bairro certificado AQUA na cidade de São Paulo e está baseado nos conceitos de bairros sustentáveis da Europa.

Trata-se de um novo conceito de moradia, trabalho e lazer em um bairro planejado com o menor adensamento da cidade em um terreno com 250 mil m2 de área, situado na zona Oeste da cidade, entre Perdizes e Barra Funda, próximo à futura linha 6 do metrô.

A visita fez parte da agenda da Expo Arquitetura Sustentável, sendo guiada pelo diretor de obras Joelson de Oliveira Santos e pelo gerente geral de obras Rodrigo Okamura, ambos da Construtora Tecnisa, e contou com a participação da auditora Processo AQUA Maria Luíza Salomé.

visita ao Jardim das Perdizes

O Jardim das Perdizes irá abrigar 3.500 famílias que serão distribuídas pelos 11 condomínios independentes. O programa contempla 25 torres residenciais, 1 hotel, 1 torre comercial corporativa, 1 torre com salas comerciais e strip mall (mix de lojas como padaria, salão de beleza, pet shops, etc).

O projeto urbanístico conta com um parque público central, com 44.000m2 de área que foi entregue à prefeitura como parte da operação urbana Água Branca. Toda a infraestrutura externa de ruas, TV a cabo e telefonia foi doada à prefeitura e às concessionárias locais. Houveram, inclusive, algumas dificuldades com a legislação, uma vez que não havia loteamento desde 1965 na cidade.

jardim das perdizes -bairro sustentável
Imagem: Divulgação

Certificações de Sustentabilidade:

O empreendimento foi premiado com a Certificação Ambiental AQUA na categoria de bairros, concedido pela Fundação Vanzolini. Segundo o diretor de obras da Tecnisa e a auditora do processo AQUA, os projetos já incorporavam estratégias sustentáveis necessárias para a obtenção da certificação que acabou ocorrendo naturalmente como consequência. Todas as torres estão em processo de certificação para o Procel Edifica nível A, e LEED NC nas torres comerciais.

Medidas sustentáveis:

O bairro conta com toda a rede de tubulação subterrânea, incluindo energia elétrica, telefonia e TV a cabo. Foi adotado um sistema de drenagem de águas pluviais, permitindo que a água da chuva seja absorvida pelo terreno e infiltrada no lençol freático, evitando alagamentos das ruas. As pistas do parque receberam pavimentos drenantes com elevada porcentagem de permeabilidade. As torres terão consumo racional de água que será aquecida por painéis solares. A iluminação externa e das fachadas será com tecnologia LED.

Os condomínios terão instalações para recargas de carros elétricos e híbridos, segregação de lixo e sistema de compartilhamento de bicicletas (bike sharing). Foram utilizados materiais de procedência como madeira certificadas. Foram desenvolvidos estudos acústicos para definição dos elementos da fachada como janelas e caixilhos, empregando vidros de 4 a 8mm e caixilhos com lã de rocha, dependendo do resultado dos ensaios acústicos.

Para evitar quebras de materiais, as alvenarias são modulares e no comercial as divisórias serão drywall. O Stand de vendas foi construído em estrutura metálica e será desmontado e doado para a prefeitura para instalação futura de outro uso como museu e biblioteca, por exemplo.

jardim das perdizes

Negócio Sustentável:
As análises do mercado imobiliário apontam que o primeiro item a ser considerado pelo consumidor no momento da aquisição de um imóvel é a localização, sendo que no Jardim das Perdizes houve uma alteração de influência da demanda, visto que o fator número um que motivou a compra foi pelo imóvel pertencer a um bairro sustentável.

O Jardim das Perdizes é um exemplo de que é possível e economicamente viável desenvolver edifícios, bairros e, consequentemente, cidades sustentáveis, possibilitando uma integração mais saudável entre arquitetura, urbanismo e meio-ambiente, gerando bem-estar a seus usuários.

Todos os players do mercado imobiliário, desde empreendedores a projetistas e fornecedores, são os responsáveis e deverão visualizar que esta tendência já está implementada. Quem não entrar rapidamente no “bonde” estará fora do mercado.

Matéria enviada pela arquiteta Maíra Nazareth de Macedo – Mestre em Arquitetura Sustentável pela Universidat Politècnica de Catalunya e MBA em Gestão em Negócios Imobiliários pela ESPM

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