Casa das Birutas – bioconstrução premiada
A Casa das Birutas localizada em uma ecovila em Piracaia, interior de São Paulo, foi erguida utilizando diversas técnicas de bioconstrução. O projeto do escritório Gera Brasil foi um dos destaques no Prêmio Saint-Gobain de Arquitetura – Habitat Sustentável 2019, categorial residencial.
Cada dia mais pessoas buscam uma vida sustentável, que tenha na integração com a natureza a base para a alimentação, moradia e subsistência. Este projeto reúne todas essas características e mostra como tecnologias simples podem promover a sustentabilidade
Segundo os arquitetos “A Bioconstrução é uma nova forma das pessoas pensarem a construção respeitando o fluxo dos sistemas naturais como era feito no passado. Através dela cooperamos para a redução de impactos ambientais, otimizamos os recursos financeiros e contribuímos com a conservação ambiental e melhoria da qualidade de vida dos usuários.”
Soluções sustentáveis da Casa das Birutas:
– Eficiência energética
Para o desempenho da envoltória foi determinado por meio de simulação computacional dos ambientes de permanência prolongada do projeto Conforme tabela do PROCEL a envoltória de Casa das Birutas atende o Nível A de desempenho pelo método de simulação.
A meta de eficiência energética é uma redução de 70% no custo energético do imóvel.
Características consideradas: cobertura leve isolada, aquecimento solar da edificação, vedações internas pesadas e permitir a insolação dos ambientes
– Gestão das Águas
A água potável que vem da nascente está reservada apenas para fins nobres, gerando uma economia de 36% no seu consumo.
A água da chuva é acumulada e utilizada nas descargas dos vasos sanitários e rega. A água negra e restos de alimentos são enviados ao BSI (Biossistema Integrado) que fabricará o biogás.
O paisagismo se transformou em agrofloresta, raízes e drenos absorverão as águas cinzas purificando-as e devolvendo-as limpas ao lençol freático.
– Paisagismo Sustentável
O projeto paisagístico respeitou o relevo natural e utilizou técnicas de agrofloresta para produzir alimentos e tratar as águas.
– Sistema Construtivo e Materiais
• Gridshell em bambu
Sua força vem de uma treliça dupla, autoportante. Para ser executada, uma estrutura auxiliar em bambu é montada. Sobre ela vão se organizando e amarrando as varas que formam a treliça definitiva. Pouco a pouco esta estrutura preliminar vai sendo desmontada e assim que a estrutura toda se acomoda, a cobertura está pronta.
• Tijolo aparente
Tijolos em barro produzidos localmente e um uma olaria familiar, a poucos quilômetros da obra
• Estrutura e decks de madeira legalizada
Contribuindo para a redução do processo de devastação de florestas, todas as madeiras empregadas na obra possuem documento de origem florestal (DOF) e nota fiscal de compra, exceto as de demolição ou reuso
• Telha Shingle
Esta foi a única telha que nos atendeu nos quesitos beleza, leveza, flexibilidade, estanqueidade, rapidez na instalação e manutenção da cor por um período de 10 anos. Sob as telhas há um isolamento que garante a estanqueidade e conforto térmico do sistema.
• Painéis de vidro com película de controle solar
• Assoalho de madeira sobre contrapiso
• Contrapiso em concreto e malha 15 x 15 cm
• Painel SIP da LP e=9cm com acabamento em chapa cimentícea para laje
• Piso em garrafa
Visando reduzir a extração de recursos naturais, utilizamos diversos produtos de conteúdo reciclado, como portas, janelas de demolição e mais de 6.000 garrafas que estão instaladas nas escadas e no piso inferior do imóvel (área de oficina).
• Hiperadobe – terra ensacada
Executada com terra retirada das escavações
• Reaproveitamento de material – pontaletes de madeira e garrafas
• Gerenciamento de resíduos
No projeto da Casa das Birutas ( referente ao vento) não só a casa foi pensada de forma sustentável, mas também o terreno e o seu uso.
“Nela ao mesmo tempo que usamos o banheiro ou descartamos resto dos alimentos, estamos produzindo gás para a cozinha. Quando tomamos banho, já estamos regando o pomar. Quando abrimos um buraco no solo, guardamos a terra para fazer uma parede ou um reboque. Se tomamos um vinho guardamos a garrafa para fazer dela degraus no terreno acidentado… E assim foi que pensamos no projeto onde toda ação teria uma reação. A terra da fundação virou muro de contenção, a madeira da fundação, parede do depósito de obra. Toda água que utilizamos volta limpa para o solo, quer maior ganho que este? Que este projeto inspire muitos outros neste sentido” declara os arquitetos
Texto, imagens e fotos: Gera Brasil
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