Dicas sobre o plantio de árvores nas cidades
Já falamos por aqui dos diversos benefícios das árvores nas cidades. Mas antes plantar é preciso saber quais são os cuidados de preservação e qual é a responsabilidade do cidadão e do poder público. A engenheira agrônoma, Denise Santos da Silva nos enviou algumas dicas.
Confira algumas informações úteis sobre o plantio de árvores nas cidades:
1- Nem toda espécie de árvore pode ser adequada para a sua calçada, terreno ou casa.
É preciso ter um planejamento claro antes de iniciar o plantio e também uma consulta à prefeitura da cidade, pois o órgão deve auxiliar e incentivar a arborização no espaço público e em áreas privadas.
É preciso levantar diversos fatores físicos do terreno, como largura e área disponível para o plantio, existência de fiação aérea, distância de mobiliário urbano e demais árvores.
Também há fatores biológicos, como a espécie, porte, tamanho, arquitetura da copa e o diâmetro do tronco, além da adubação do solo, irrigação, proteção do berço, necessidade de poda, entre outros.
2- Você pode se planejar e conhecer tudo sobre árvores, mas isso não significa que pode ir plantando espécies onde quiser.
Existem leis e normas do poder público que regem a ocupação do espaço público, como a calçada na frente de sua casa.
O Decreto 58.612/19 do Estado de São Paulo, por exemplo, garante a largura mínima de 1,20m na calçada para a livre circulação de pedestres e determina a largura mínima de 70 centímetros para vegetação, postes de iluminação, sinalização, etc. Ou seja, o plantio de árvores em passeios públicos só pode ser feita se tiver largura de 1,90m.
Mesmo em áreas privadas é necessário ter cuidado, uma vez que o plantio inadequado pode comprometer a estrutura dos imóveis vizinhos.
3- Cuidado no plantio de mudas de árvores.
É preciso ter em mente que uma muda nada mais é do que um ser vivo que precisa de cuidado e atenção para crescer forte e saudável – como um animal de estimação!
O plantio deve ser feito em uma área aberta em profundidade que recebe o nome de berço (e não cova, uma vez que está nascendo e não morrendo). É preciso também colocar um tutor, ou seja, um apoio para o crescimento da muda. Também é recomendado adicionar areia grossa ou cascalho para evitar a impermeabilização do solo e o atrofiamento da raiz.
A irrigação deve ser periódica nos dois primeiros anos e monitorar a presença de formigas, pois elas podem acabar com uma muda da noite para o dia, e de plantas competidoras no mesmo local. Em suma: para a árvore crescer, é preciso ter dedicação integral!
4- Árvores mal cuidadas trazem riscos à vida das pessoas.
É comum tempestades derrubarem árvores nas grandes cidades. Esse problema, porém, pode ser agravado se não houver um cuidado adequado com as espécies.
Podas malfeitas, por exemplo, comprometem o tronco das árvores e alteram seu eixo de inclinação, facilitando o tombamento em caso de vento forte. Isso pode levar a danos na fiação elétrica das ruas e demais equipamentos urbanos.
Galhos secos não retirados podem cair em carros ou até em pessoas, causando acidentes sérios. É preciso estar atento aos cuidados que a espécie que você possui precisa receber e, no caso de espaço público, cabe à prefeitura a execução deste serviço.
Além de melhorar a paisagem do local, um conjunto de árvores traz diversos benefícios ao dia a dia.
A copa bloqueia os raios solares, protegendo da exposição direta à radiação solar, e também absorve gotas de chuva, reduzindo a perda de solo causada pela erosão.
Elas produzem flores e frutos que alimentam insetos, animais e humanos, servindo até de repouso e abrigo para algumas espécies da fauna. Suas raízes possibilitam a infiltração da água, reduzindo o escoamento superficial e, consequentemente, os episódios de enchentes.
A presença delas contribui para o conforto térmico em todas as estações e suas folhas retém gases e partículas poluentes, diminuindo a presença na atmosfera. Entretanto, é preciso ter algo em mente: uma única árvore não faz milagre! É preciso ter uma conscientização na arborização do espaço urbano para que tudo isso seja possível.
Texto envido por Denise Santos da Silva, Engenheira Agrônoma, doutora em Agronomia e professora do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL), na cidade de Americana (SP).
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