O consumo de energia elétrica nas edificações no Brasil
“Adotando-se uma política integrada de eficiência energética englobando construção, reforma e operação de edificações, considerando taxas de retorno favoráveis, conseguiríamos atuar efetivamente para realizar o potencial técnico de conservação de energia elétrica, de até 15% do total da eletricidade consumida no Brasil.”
Um dos principais desafios do país e dos clientes consumidores de energia atualmente é encontrar soluções céleres, econômicas e significativas para superar as dificuldades em relação ao cenário energético e hídrico que preocupa a sociedade e influencia nosso desenvolvimento econômico. O custo de energia está alto e pode aumentar ainda mais. Existem duas formas básicas de se obter mais energia: produzindo a mesma através de um dos mecanismos disponíveis na matriz energética brasileira (hidroelétricas, termoelétricas, usinas nucleares, dentre outros) ou otimizando racionalmente o uso final da energia atual, observando também as perdas associadas. A primeira solução demanda tempo e altos investimentos o que não resolveria a curto e médio prazo a situação. Utilizar melhor a energia e reduzir as perdas através da execução de projetos de eficiência energética é a forma mais rápida e de menor custo para a sociedade.
Analisando o tema, conforme o BEN 2015 (Balanço Energético Nacional), nossas edificações (no segmento industrial, comercial, serviços, residencial e público) são identificadas como a principal demanda de eletricidade do país, responsável pelo consumo de cerca de 50% do total da eletricidade consumida no País. Todavia, através do movimento de construção sustentável, onde eficiência energética desponta como um dos principais temas, esse consumo pode ser reduzido e muito.
Cresce no país a mobilização de organizações e associações trabalhando no incentivo às práticas de construção sustentável e economia de energia. Dentre as principais atividades destes grupos há a promoção de sistemas de certificação, etiquetagem e Selo de edificações projetadas e construídas buscando maximizar seu desempenho energético, bem como atividades de readequação energética de edificações existentes.
Vários pontos devem ser observados para reduzir o desperdício de energia em edificações, onde os principais sistemas consumidores de energia elétrica são a climatização e a iluminação. A envoltória do prédio é outro ponto que deve ser observado, pois atua diretamente em todos os sistemas consumidores da edificação.
Atualmente temos 224 edificações certificadas LEED no Brasil e 11 edificações certificadas pelo recém-criado Selo Procel Edificações, além de 29 edificações classe A no Programa Brasileiro de Etiquetagem. Uma análise, considerando a média de economias comprovadas nestas edificações, mostra que as edificações brasileiras apresentam um potencial de redução médio de 30% no consumo de energia elétrica.
Considerando o total de energia elétrica disponibilizada no país, descontadas as perdas, o consumo no Brasil chega a 516,6 TWh[1], deste valor 258 TWh, ou o equivalente a R$ 117 bilhões2 são consumidos nas edificações. O potencial técnico estimado de redução de consumo nos prédios energeticamente eficientes é de 77,5 TWh, fomentado por uma política integrada de eficiência energética que englobe projeto, construção, reforma e operação das edificações, diante de taxas de retorno favoráveis. Ou seja, realizar este potencial trará imediatamente benefícios para a sociedade e com menores custos, garantindo para o país praticamente o montante de energia produzida pela Usina de Itaipu. Também significaria reduzir em 65% o uso das Termoelétricas reduzindo emissões poluentes e economizando quantias financeiras relevantes aos cofres públicos.
Para o cliente final é uma redução de R$ 35,2 bilhões onde os principais sistemas consumidores são a climatização e a iluminação.
Cabe ressaltar que a readequação energética (reformas/ retrofits) também pode resultar em inúmeros benefícios diretos e indiretos para o Governo, Iniciativa Privada e Sociedade. No mercado brasileiro de edificações já é possível encontrar diversas soluções e serviços especializados em eficiência energética, sendo que barreiras de mercado, identificadas como falta de informação, visão de curto prazo e falta de incentivos podem ser superadas por medidas de fomento via incentivos intangíveis, mecanismos de mercado, incentivos fiscais, financeiros e ao crédito além de legislação de cunho mandatório.
Os proprietários de imóveis devem se informar e estar atentos ao fenômeno da crescente conscientização dos ocupantes e perda de competitividade frente aos novos empreendimentos que se diferenciam em face da eficiência operacional. O Governo também deve coordenar uma política pública integrada mobilizando todos os agentes públicos e privados para uma atuação alinhada com metas audaciosas de eficiência energética nas edificações brasileiras. O Congresso Nacional deve fortalecer o conhecimento e relevância do tema provocando o surgimento ou seu fortalecimento às lideranças políticas.
Com isso, o Brasil possuirá todas as condições de superar os atuais desafios energéticos, com forte contribuição da eficiência energética em edificações. Não obstante, a ineficiência energética sugere desperdício de recursos e oportunidades, sendo certo que as ações de correção deste cenário irão inserir valores, que até então se encontram perdidos, na economia, contribuindo efetivamente para a geração de emprego, elevação do padrão técnico do setor, mitigação de impactos sócio-ambientais negativos e melhoria da qualidade de vida.
Está ação é apoiada pelo CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), ABILUX (Associação Brasileira da Indústria da Iluminação) e Carbon Trust.
Comunicado GBC Brasil , ABESCO, ABRAVA
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[1]Fonte: Balanço Energético Nacional 2015
2Fonte: ANEEL – Tarifa de energia para consumidor final
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