Cidades vão priorizar pedestres e ciclistas pós pandemia

08/06/2020 por Redação SustentArqui

Com a chegada do coronavírus a primeira atitude tomada como medida de segurança foi o isolamento social, que tirou de todos o direito de ir e vir e com isso levantou-se questões importantes sobre urbanismo sustentável e principalmente questões ligadas a mobilidade urbana e formas de deslocamentos seguros

Com a flexibilização das medidas de isolamento social em algumas cidades do mundo já estão sendo estudadas estratégias para priorizar pedestres e ciclistas nos deslocamentos, como forma de evitar aglomerações nos transportes públicos e manter o distanciamento seguro recomendado pela OMS.

Além disso com a diminuição do número de automóveis nas ruas o índice de poluição diminuiu consideravelmente o que reforça ainda essa necessidade.

Como fica o deslocamento em cidades fora do Brasil

Cidades como Milão, Paris, Barcelona, Washington, Budapeste e Lisboa já estão se adaptando para priorizar a mobilidade urbana a pé ou por bicicleta.

Proposta de ciclovia em Lisboa – Imagem: Câmara de Lisboa

A estratégia mais rápida e fácil para valorizar o transporte ativo são as chamadas ciclovias pop ups, que são ciclovias instalada sem obras, com pinturas no chão ou simplesmente com cones separando a áreas destinadas para cada modal de transporte.

pedestres e ciclistas pós pandemia terão proridade
Simulação da ampliação das calçadas na Via Laietana / Prefeitura de Barcelona

Barcelona, Milão, Lisboa e Nova York estão tomando medidas ainda mais ambiciosas que é impedir a circulação de veículos automotivos em grandes vias e centros urbanos, deixando acesso somente para pedestres e ciclistas.

A região da Lombardia no norte da Itália que foi fortemente afetada pela pandemia é uma das regiões com maior índice de poluição, o que confirma um estudo da universidade de Harvard que a má qualidade do ar pode aumentar a probabilidade de morte por Covid-19.

CICLOVIA EM MILÃO - ANTES E DEPOIS DO CORONAVÍRUS
Rua em Milão – Antes de depois da pandemia – Imagem: The Guardian

Um planejamento urbano na cidade Barcelona surgiu também no sec. XIX como medida para conter uma epidemia, mas ainda assim, atualmente a cidade sofrerá adaptações para dar cada vez mais espaço e segurança para pedestres e ciclistas.


Como está acontecendo no Brasil

No Brasil já têm algumas cidades se mobilizando para tomar as medidas adotadas nesses países.

Em Vitória ao invés de adotar as ciclovias pop ups, em maio a prefeitura resolveu acelerar as obras de ciclovias e ciclorrotas previstas no plano cicloviário da cidade.

ciclofaixas em vitória
Foto: Fernando Braga – Setrans/Prefeitura de Vitória.

Em Recife a prefeitura também priorizou as obras de mais 6,5 km de ciclovias, além de medidas na região norte da cidade, em uma área onde há grande concentração de pedestres onde será implantada mais 6 novas faixas de pedestres que serão delimitadas com pinturas no chão, o chamado urbanismo tático.

No caso de Vitória por se tratar de uma ilha, existe uma grande discussão com relação ao deslocamento por bicicleta pelas pontes. A prefeitura argumenta que a região não é segura para o trânsito de ciclistas, já os cicloativistas reivindicam o acesso por bicicleta.

Mais que uma tendência priorizar o transporte ativo nos planejamentos urbanos é a necessidade e uma urgência, além desses modais serem fortemente recomendados pela Organização Mundial da Saúde em tempos pós pandemia por motivos como:

  • diminuir poluição;
  • manter a população saudável;
  • melhorar a imunidade;
  • proporcionar distanciamento social; dentre outras vantagens.

No Brasil o desafio é ainda maior já que o uso desses modais ainda são muito embrionários, seja por falta de infraestruturas das cidades, seja por não ter essa cultura incentivada no país.

De qualquer maneira não só as cidades como a economia, costumes e cultura precisarão se adaptar ao “novo normal” e será uma excelente oportunidade de priorizarmos cidades mais saudáveis, limpas e ativas.

Texto enviado pela arquiteta Letícia Figueiredo do Pedarela

Imagem da capa:”Corona Piste” – Idealizado pela associação Paris en Selle.

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