Arquiteto Frei Otto é o vencedor do Pritzker 2015
O alemão Frei Otto foi anunciado ontem como o vencedor do prêmio Pritzker de 2015, um dia depois de sua morte, aos 89. Segundo o júri, o arquiteto e engenheiro praticou e avançou ideias de sustentabilidade muito antes do tema estar em voga.
O anúncio, que estava previsto para ser divulgado no dia 23 de março, foi antecipado devido ao falecimento do arquiteto. Mas o arquiteto já havia recebido a notícia do prêmio pessoalmente em sua casa, quando teve oportunidade de agradecer ao júri e a sua família.
“Nunca fiz nada para ganhar este prémio. O sentido da minha arquitectura foi desenhar novos tipos de casas para ajudar as pessoas mais pobres especialmente após desastres naturais e catástrofes. Mas eu não poderia receber coisa melhor do que ganhar este prémio. Usarei o tempo que me resta para continuar a fazer aquilo que sempre fiz, que é ajudar a humanidade. Sou um homem feliz”, disse o arquitecto alemão
Frei Otto nasceu em Siegmar, Alemanha, em 31 de Maio de 1925, e cresceu em Berlim, “Frei” em alemão significa “livre”; sua mãe pensou no nome depois de participar de uma palestra sobre a liberdade.
Em 1943, Otto foi chamado para o serviço militar, em abril de 1945 foi capturado e se tornou um prisioneiro de guerra. Ele permaneceu por dois anos em um campo de prisioneiros perto de Chartres, na França. Lá ele trabalhou como arquiteto de campo; e ali aprendeu a construir muitos tipos de estruturas com o mínimo de material possível.
Depois da guerra, em 1948, Frei Otto voltou a estudar arquitetura na Universidade Técnica de Berlim. Sua arquitetura seria sempre uma reação aos pesados edifícios, com colunas construídas para uma suposta eternidade.
A obra de Otto, ao contrário, era leve, aberta para a natureza, democrática, de baixo custo, e às vezes até temporária.
Ele também estudou sociologia e desenvolvimento urbano na Universidade de Virginia, EUA, e realizou um doutorado de engenharia civil, em 1954, na mesma universidade que se graduou em Berlim.
Era conhecido por suas tensoestruturas, coberturas monumentais e de aparência leve para grandes instalações, como a do Parque Olímpico de Munique para os Jogos Olímpicos de Verão de 1972 (com Behnisch + Partner e outros), a do pavilhão alemão em 1967 Internacional e Exposição Universal (Expo 67), a do pavilhão do Japão na Expo 2000, em Hannover, na Alemanha (em 2000, com Shigeru Ban, vencedor do Prêmio Pritzker de 2014), além de uma série de estruturas de tendas para exibições federais na Alemanha na década de 1950, e por seu trabalho no Oriente Médio.
Pioneiro no uso de modernas e leves estruturas de tendas, ele foi atraído para elas, em parte, pelos seus valores econômicos e ecológicos. Também trabalhou com outros materiais e sistemas construtivos tais como o bambu, e treliças de madeira.
O pavilhão alemão da Expo 67, criado em colaboração com Rolf Gutbrod e Fritz Leonhardt, foi sua estreia internacional como um arquiteto, sendo um dos primeiros exemplos de edifício solar passivo em grande escala.
Além de ter sido professor em renomadas universidades, Otto fundou várias instituições e escreveu alguns livros, como o Biologia e Construção (Biology and Building,1972).
“Ele adotou uma definição de arquiteto que incluiu também a de pesquisador, inventor, engenheiro, construtor, professor, colaborador, ambientalista, humanista e criador de espaços e prédios memoráveis”, diz a nota do júri do Pritzker, justificando a escolha por Otto
Ele acreditava em fazer uso eficiente e responsável dos materiais, e que a arquitetura deve ter um impacto mínimo no meio ambiente. Frei Otto era um utópico que nunca deixou de acreditar que a arquitetura pode fazer um mundo melhor para todos.
Em produção com colaboração do canal de televisão PBS CPT12, o documentário Frei Otto: Spanning The Future, pretende divulgar o perfil do arquiteto, que apesar de ter uma obra excepcional não era muito conhecido para o público em geral.
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