Especialista em construção sustentável fala sobre suas experiências com LEED
Durante a 6 Expo greenbuilding Brasil entrevistamos uma das principais especialistas em implementação da certificação LEED no mundo e líder da área de Construção da Honeywell Building Solutions, Debra Gondeck-Becker, que esteve pela primeira vez no Brasil para uma apresentação durante o evento.
O tema da sua palestra, que ministrou junto com a vice Presidente do USGBC; Gretchen Sweeney, e com Anderson Benite; diretor da Unidade de Sustentabilidade do Centro de Tecnologia em Edficações – CTE, foi “Nossas experiências com LEED: medidas, gestão e compromisso de alto desempenho”. A apresentação aconteceu no dia 11/08, onde Debra abordou a sua experiência no setor em diversas construções em todo o mundo e juntos mostraram a importância de monitorar a operação dos edifícios para alcançar melhores desempenhos.
1. De acordo com as suas experiências com LEED em todo o mundo. Como você enxerga o cenário atual nos países em desenvolvimento?
Acho que há atualmente uma maior adaptação do LEED em alguns dos países emergentes ou em crescimento, como na Índia e no Brasil. A América Latina é uma das regiões de maior crescimento do USGBC, assim como a China e a Índia, que estão entre os top 5 em países com edifícios certificados LEED.
Nesses países há um esforço mais concentrado agora, especialmente olhando para a escassez de recursos, levando em conta que edificações certificadas consomem menos água e energia. É um foco maior agora.
2. Quais os benefícios que edificações com certificações LEED podem trazer para o Brasil na atual crise hídrica e energética?
Historicamente os edifícios com certificação LEED usam 30% menos energia e 40% menos água, e essas são as duas das principais crises no Brasil. Isso é bastante significativo e não apenas na construção de novos edifícios de alto desempenho com padrões LEED, que são mais eficientes em termos de energia e mais conscientes em relação ao uso da água, mas também pensando no retrofit nos edifícios existentes.
Durante a apresentação, dei o exemplo de um cliente com um edifício de 25 anos, onde adotamos medidas de conservação de energia e água, e conseguimos uma redução no consumo de energia de 27%, isso em um edifício já certificado como LEED GOLD. Assim, mesmo os edifícios já certificados LEED NC, podem continuar sendo analisados para verificar onde ainda podem ser otimizado através, por exemplo, do LEED Dynamic Plaque, que é uma grande plataforma para acompanhar o desempenho da edificação em termos de energia e uso sustentável da água, bem como os outros fatores.
3. Além de estratégias passivas de projeto, novas tecnologias são fundamentais para melhorar o desempenho das edificações. Quais são as principais tecnologias que a sua empresa possui para melhorar eficiência dos edifícios?
O fundamental é a capacidade de tomar todas as tecnologias e aspectos do edifício e reuní-los todos numa só plataforma, integrando todos os diferentes sistemas do edifício permitindo que você aproveite o edifício por inteiro e ajude nas medidas de sustentabilidade, e para isso temos a nossa nova plataforma que se chama Command and Control Suite.
Uma das perguntas na apresentação era sobre o treinamento dos operadores dos edifícios, e com o Command and Control Suite é muito fácil; trata-se de uma grande tela tátil fácil de se navegar com os dedos. É possível se aprofundar em qualquer dado do edifício e descobrir mais e mais níveis de informação. Também ver alertas ou alarmes onde está acontecendo alguma anormalidade, por exemplo, ver se o nível de CO2 está alto e se a caixa VAV ainda não ligou para limpar o ar. Como gerente do edifício é possível entrar e averiguar o que se passa; verificar se a caixa VAV está operativa, e limpar o ar. Esse é só um exemplo, mas é uma forma holística de trabalhar, que engloba segurança, iluminação, HVAC, energia e é compatível com o LEED Dynamic Plaque que fornece uma interface simples aos ocupantes.
4. Depois do edifício construído e certificado, qual a importância de acompanhar e medir o desempenho do mesmo em sua operação?
É essencial acompanhar de perto o edifício pós-construção, pois como vimos hoje na apresentação do Anderson e da Gretchen, mesmo projetando e construindo edifícios de alto desempenho, o jeito que eles operam pode variar muito entre desempenho previsto e o real, e isso precisa ser monitorado.
Para poder monitorar isso é preciso ter as métricas no local e também a capacidade de visualizar todos estes dados. Assim você pode olhar para o seu edifício e perguntar: “Meu edifício não se comporta como esperado, o que aconteceu?”. Talvez uma empresa fez um evento durante o final de semana na sala de conferência e deixou ligado o ar condicionado desde então. Ter estas métricas numa plataforma comum é essencial, e tem que ser dinâmico.
Edifícios mudam com a passagem do tempo e também seu uso, número de ocupantes e como eles interagem com o edifício, mas isso é uma grande oportunidade. Se podemos ajudar as pessoas que ocupam o edifício a se comportarem mais sustentavelmente, e serem mais conscientes de como suas atividades têm impacto no edifício, poderemos não só construir edifícios melhores e mais inteligentes, mas tambem gerenciá-los melhor e mais inteligentemente.
5. Na sua palestra você apresentou o LEED Dynamic Plaque, como essa ferramenta pode ajudar no controle de uma edificação certificada?
Tem algumas maneiras que o LEED Dynamic Plaque pode ajudar. Primeiro porque possui a capacidade de expor todos dados que temos dos controles do edifício através da nuvem, mostrando as pontuações de desempenho em quase tempo-real nos itens como; energia, água e qualidade de ar dentro do edifício.
Os outros itens são transporte, experiência humana e resíduos que ainda não conseguimos automatizar, mas o LEED Dynamic Plaque fornece uma plataforma onde está facilmente comunicado como o edifício se comporta de forma geral. Penso que a capacidade de relatar isso não somente aos gerentes e técnicos que tradicionalmente gerenciam o edifício, mas também aos ocupantes em geral, dirigindo a consciência, e mudando seu comportamento para que ajam mais sustentavelmente.
Os controles ajudam a gerenciar o edifício e a interface simples estimula o engajamento dos ocupantes, desmistificando a operação do edifício.
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