A importância da ventilação natural para arquitetura bioclimática
O uso da ventilação natural é um dos princípios básicos da arquitetura sustentável, ou da boa arquitetura, afinal o vento é um recurso natural, gratuito e renovável.
O uso adequado desta fonte traz diversas vantagens para as edificações, mantendo a qualidade interna do ar pela troca constante, criando ambientes salubres e confortáveis, também reduzindo os gastos energéticos, principalmente a diminuição do uso de ar condicionado que é um dos principais consumidores de energia.
Algumas técnicas para o uso da ventilação natural:
– Ventilação Cruzada:
A ventilação natural cruzada é usada em diferentes vãos de abertura em um ambiente, seja ela em elementos opostos ou adjacentes.
É necessário identificar o vento predominante da região (frequência, direção e velocidade), pois a ventilação natural pode causar desconforto e resfriamento indesejado, caso não analisada adequadamente.
O importante é permitir a entrada de ar fresco, seja por vão de abertura próxima ao piso, janelas, portas, empurrando o ar quente para outra parte com abertura como pátio, teto, claraboia, elemento vazado, torres de vento ou telhas de ventilação nas coberturas.
– Torre de Vento:
As torres de vento são uma ótima solução para essa troca de ar no ambiente interno, são adequadas para as casas de tijolos ou blocos, e muito utilizado na arquitetura árabe.
Funciona também quando não há brisa, pois a temperatura de dentro da torre é diferente do ar externo.
O vento entra por um lado da torre e sai pelo outro, sugando o ar quente interno do ambiente, fazendo que o ar fresco entre por aberturas localizadas na parte inferior da edificação.
Exemplos da utilização da ventilação natural na arquitetura contemporânea:
João Figueiras Lima, o Lelé – O arquiteto brasileiro é um bom exemplo onde usa ventilação natural em suas obras, principalmente nos hospitais da rede Sara Kubitschek, localizado em algumas capitais do país, começando por Brasília em 1980.
Utiliza-se de um sistema de ventilação onde o ar entra por galerias de tubulações em subsolo como condutores de ar fresco e passa pelas paredes dos quartos do hospital, ventilando os ambientes e, direcionado o ar quente contaminado pelas saídas superiores no telhado com formato de ondas (sheds).
Nos hospitais evitaram os recursos de ventilação cruzada, para diminuir os riscos de propagação de infecções.
O sistema utilizado é de fluxos verticais, onde a ventilação captada por cornetas mantém o ar permanentemente comprimido no interior das galerias. A distribuição do ar nos ambientes é feita através de pilares ou pequenos dutos verticais incorporados às divisões.
Norman Foster – Um exemplo internacional é o projeto do Reichstag, parlamento alemão localizado em Berlin, que emprega uma cobertura para estabelecer a ventilação natural, através de um cone invertido, também utilizado para iluminação natural, localizado no centro da cúpula.
O ar entra pela fachada principal e distribui pelo interior do edifício, eliminando através do cone pelo efeito chaminé, com uma abertura na extremidade, para eliminar o ar quente do interior do edifício.
Normas técnicas: As normas técnicas que estabelecem os critérios para o conforto ambiental na construção de edificações brasileiras entraram em vigor somente em 2005, quando foram publicadas as primeiras legislações sobre o conforto térmico e iluminação natural. A NBR 15.220-3/2005 dispõe sobre as taxas de renovação do ar nas construções.
Em 2010 foi lançada pela ABNT a Norma de Desempenho das Edificações, NBR 15.575, estabelecendo critérios de qualidade e durabilidade das construções habitacionais, como conforto ambiental e impacto ambiental.
Artigo enviado pela Arquiteta Cristiane Nunes – MBA em Construções Sustentáveis pelo Inbec e Mestre em Arquitetura Sustentável pela Universitat Ramon Llull (Barcelona-Espanha);
Fonte: Pensamento Verde
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Comentários
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Excelente abordagem, mormente com os trabalhos do Lelé.
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