A tentativa do Itaquerão ser verde

12/06/2014 por Wendy Andrade

Palco da abertura da Copa do Mundo, a nova Arena Corinthians cresceu conduzida por um projeto sustentável. Construída pela Construtora Odebrecht, o estádio teve sua parte arquitetônica gerida por dois escritórios do Rio de Janeiro, o Coutinho, Diegues e Cordeiro, e o DDG. Além da parceria com o escritório alemão Werber Sobek, que fez os cálculos estruturais e projetou a tecnologia de sustentabilidade e racionalidade do estádio.

Arena Corinthians sustentável
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Sobek trouxe pela primeira vez para o Brasil o conceito Triple Zero, que contém três itens: zero energia, zero emissões e zero desperdício. Quer dizer que a energia da Arena Corinthians deve ser gerada por fontes renováveis do próprio estádio ou na área em que se encontra deve ser no mínimo equivalente a toda a energia primária que o estádio requer para o aquecimento. E também não pode gerar CO2, já que nenhum processo de queima é permitido no estádio.

Do ponto de vista da acessibilidade, o Itaquerão usou do problema uma solução. O terreno para construção do estádio era estreito e tinha um problema de desnível acentuado, isso fez que o estádio fosse esboçado de maneira compacta, eliminando uma grande quantidade de escadas. Todo o setor inferior da arquibancada é acessado sem escadas, e na parte superior o uso delas foi diminuído consideravelmente.

Arena Corinthians sustentável
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Na iluminação do estádio foi utilizado um modelo de fachada translúcida, que além de usar a luz natural com beleza, economiza lâmpadas internas. A grande fachada de vidro fica no mesmo local onde se localizam os restaurantes e as lojas, diminuindo a necessidade de iluminação artificial.

Com o intuito de canalizar o ar quente para cima, o projeto de ventilação do estádio é feito por uma cobertura fixa, com design leve e perfil aerodinâmico calculado em túnel de vento, permitindo a circulação de ar equilibrada. Esse fluxo de ar vai passar pelas arquibancadas e refrescar os torcedores. Nas imagens podemos enxergar esse projeto pelos dois vãos atrás dos gols, e também pelo espaço aberto entre a cobertura e arquibancadas.

A vegetação também foi usada para melhorar o clima no estádio, árvores foram plantadas em torno do Itaquerão, que, além de paisagístico, ajuda a aliviar a temperatura. Os espelhos d’água também vão ajudar o clima no estádio, eles diminuem em até três graus a temperatura em sua volta, pode até parecer pouco, mas junto com uma boa ventilação vem a ser importante num local onde vai receber um grande número de pessoas.

Arena Corinthians sustentável
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Uma das curiosidades na construção da Arena Corinthians, foi a inusitada parceria entre Corinthians e Palmeiras. Segundo Pierre Ziade, empresário do ramo de reciclagem de entulho, as britas e pedras vindas da demolição do Parque Antarctica, antigo estádio do Palmeiras, foram reaproveitadas para a construção do estádio do arquirrival. Porém, os dois times só tiveram conhecimento dessa parceria quando o estádio já estava em processo de acabamento. Outro fato curioso é o ar condicionado nos banheiros. A fim de evitar gastos com manutenção causada por depredações de torcedores, o arquiteto justifica que o ar fresco acalma as pessoas, conhecido como “efeito metro”.

Apesar de construído baseado num projeto sustentável, a Arena Corinthians deixou a desejar em dois pilares importantes da sustentabilidade: custo e segurança. Além do atraso na construção do estádio e projetos de mobilidade urbana inacabados, o valor do estádio quase triplicou e hoje é avaliado em R$1,1 bilhão. Durante a construção da arena, infelizmente, ocorreram três acidentes fatais, o último caso foi com o operário Fábio Hamilton da Cruz, que se acidentou numa função diferente para qual foi contratado, e veio a falecer no hospital. O estádio também não ficou pronto a tempo para o jogo teste.

Imagens: Meu timão

Texto: Wendy Andrade

 

 



 

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