Como construir cidades mais resilientes com o uso da tecnologia

16/03/2015 por Redação SustentArqui

A palavra resiliência vem de um termo da física, literalmente significa a capacidade de um corpo voltar ao seu estado natural depois de uma adversidade. Como princípio da sustentabilidade, diz respeito a capacidade de pessoas, comunidade e sistemas se reinventarem frente a situações inesperadas, como por exemplo o aquecimento global.

Desde smartphones até a inspiração em cupinzeiros, as cidades estão usando todos os tipos de recursos e novas maneiras de torná-las mais resilientes.

Abaixo, confira exemplos de como construir cidades mais resilientes com o uso da tecnologia de quatro maneiras:

1. Análise de dados

analise de dados das cidades
Visualização de dados de redes sociais (Imagem: Luc Legay/Flickr)

As cidades têm acesso a muitos dados, e ao longo dos últimos anos tem sido possível observar, em diversas partes do mundo, uma tendência de criação de novas estratégias para usar melhor esses dados. Em lugar de investir na coleta de novos dados, focar os investimentos na união dos diversos conjuntos de dados já existentes a fim de analisar como se relacionam uns com os outros e criar soluções inteligentes a partir daí.

São Paulo, por exemplo, inovou com a criação do MobiLab . O trânsito da cidade gera 30 milhões de dados diariamente; no MobiLab, empreendedores e pesquisadores partem desses dados para criar aplicativos, tecnologias e soluções inteligentes para os problemas de mobilidade na cidade.

Já Nova Orleans, nos Estados Unidos, está usando dados já existentes sobre os crimes na cidade, como os locais em que ocorrem com mais frequência e onde há mais e menos movimento de pessoas, para identificar tendências e investir no que for necessário – iluminação pública, policiamento, etc. Dessa forma, agindo com precisão a partir de dados previamente analisados, as cidades podem reduzir os custos e aumentar a eficiência na gestão de seus recursos financeiros.

2. Tecnologia para melhorar a eficiência operacional

Barcelona
Plaça Catalunya, em Barcelona, cidade que aplica os princípios da Internet das Coisas para se tornar mais eficiente e resiliente (Foto: MorBCN/Flickr)

Integrando novas possibilidades tecnológicas como a Internet das Coisas (Internet of Things) ao desenvolvimento de novos sensores, as cidades estão descobrindo novas maneiras de colocar os dados mais relevantes nas mãos dos tomadores de decisão.

Barcelona está usando a Internet das Coisas para conectar ônibus e pontos de ônibus, carros e estacionamentos, sensores na iluminação das ruas. Tudo de forma integrada, em uma dinâmica que torna o dia a dia das pessoas e a gestão dos recursos ambos mais eficientes.

Os benefícios são quase imediatos: melhor distribuição dos ônibus, que chegam aonde as pessoas precisam; mais eficiência na coleta de lixo; menos emissões de carbono; serviços de emergência mais eficazes e um meio urbano menos estressante para as pessoas.

3. Materiais e projetos inovadores

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Eastgate Centre: usa apenas 10% da energia de um sistema de resfriamento convencional

Os materiais usados na construção de infraestrutura em uma cidade ocupam uma posição central no que diz respeito a reduzir os desperdícios, melhorar a eficiência e criar estruturas urbanas mais resilientes.

Baseadas no conceito de biomimetismo (em inglês, biomimicry), que prega a criação de produtos, projetos, ideias de design, tecnologia e materiais a partir da natureza, as cidades podem reduzir o desperdício de energia e aumentar a durabilidade das coisas.

Em Harare, no Zimbábue, o shopping Eastgate Centre usa apenas 10% da energia de um sistema de resfriamento convencional. A explicação está em seu projeto, inspirado nos cupinzeiros, que mantêm uma temperatura amena mesmo durante o verão graças aos bolsões de ar que conduzem a ventilação natural.

4. Novos métodos de comunicação para promover a participação popular

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Foto: Adam Fagen/Flickr

Smartphones, uma das ferramentas mais empoderadoras e úteis para engajar as pessoas. Com as potencialidades oferecidas pelos celulares, são múltiplos os usos que as cidades podem fazer deles para aumentar a resiliência.

Os smartphones podem ser um canal de comunicação para as pessoas relatarem problemas ou realizarem denúncias; podem tornar as cidades mais seguras; agilizar a comunicação entre a administração municipal e os moradores durante fenômenos naturais extremos que possam oferecer riscos à população; e podem ainda impulsionar iniciativas focadas no empoderamento dos cidadãos.

Utilizando a tecnologia de maneira de inovadora, as cidades se fortalecem. E, ao dar voz para as pessoas, garantem mais eficiência para os investimentos. O benefício é duplo: ao mesmo tempo aumentar a resiliência e melhorar a vida das pessoas.
Fonte:  The City Fix Brasil  por Priscila Kichler Pacheco e 100 Resilient Cities

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