Estudo avalia a Saúde, Bem-estar e Produtividade nos Escritórios

01/09/2015 por Redação SustentArqui

Recentemente o GBC Brasil organizou a maior feira especializada em construção sustentável da América Latina, a Expo Green Building Brasil 2015. Na ocasião foi apresentado, na Conferência internacional, um estudo sobre o tema “Saúde, Bem-estar e Produtividade nos Escritórios”.

Fizeram parte da apresentação: Eleonora Zioni da Asclépio Consultoria, José Modica da Petrobras S/A e Maíra Macedo GBC Brasil.

palestra sobre produtividade nos escritórios
Maíra Macedo, José Modica e Eleonora Zioni.

O estudo de caso que está sendo realizado no Brasil, é baseado no relatório inédito do WGBC, que garante que as vantagens das construções sustentáveis vão além dos benefícios econômicos e ao meio ambiente, comprovando que também afeta diretamente na melhoria do rendimento dos funcionários.

O relatório do WGBC revelou os seguintes fatores em relação a produtividade nos escritórios:

1. Qualidade do ar interno – Baixa concentração de CO2 e de poluentes e altas taxas de ventilação podem elevar a melhoria da produtividade nos escritórios de 8 a 11%.

2. Conforto térmico –  Tem um impacto significativo sobre a satisfação no local de trabalho; a pesquisa revela que graus moderados de controle individual sobre a temperatura podem melhorar consideravelmente a produção dos funcionários.

3. Iluminação e vistas –  Uma boa iluminação é fundamental para a satisfação do ocupante. Pode ser difícil separar os benefícios de luz dos benefícios das vistas de fora da janela. Vários estudos na última década têm estimado ganhos de produtividade como resultado da proximidade de janelas,, particularmente quando a vista oferece uma conexão com a natureza.

4.Biofilia –  A  sugestão de que temos uma ligação instintiva com a natureza, é um tema crescente na pesquisa. A compreensão científica do impacto positivo que espaços verdes trazem para a saúde mental, tem implicações para os envolvidos em projetos de escritórios, assim como para os planejadores urbanos.

5. Ruído e acústica –  É praticamente impossível ser produtivo em um escritório barulhento. O ruído provoca uma distração indesejada e pode ser a principal causa de insatisfação entre os ocupantes.

6. Layout interno- A forma como o interior de um escritório é configurado, como densidade, circulações, espaço social e estação de trabalho, possui um impacto significativo sobre a concentração.

6. Percepção –  A percepção é algo altamente subjetivo, pode ser experimentado de forma diferente por pessoas de diferentes idades, sexo e cultura. A investigação em torno desta categoria é vista como superficial por alguns, mas deve ser levado a sério pois possui um potencial impacto sobre o bem-estar, tanto para ocupante quanto para clientes visitantes. trabalham com cores, formas e texturas no ambiente de trabalho.

7. Projeto ativo –  Um caminho garantido para a melhoria da saúde é o exercício. Isso pode ser incentivado por um projeto ativo no interior do edifício, com acesso a serviços e comodidades como academias, local para bicicletas e espaços verdes, alguns dos quais podem estar dentro das do prédio ou na sua vizinhança local. Uma pesquisa indicou que quem vai de bicicleta para o trabalho, apresenta um menor número de dias doentes.

8. Comodidades e localização – A disponibilidade de locais de amenidades e serviços são cada vez mais reconhecidos na pesquisa como sendo importante para os ocupantes. Creches próximas, por exemplo, pode ser a diferença entre trabalhar e não trabalhar em um determinado dia. Ainda são poucos os estudos sobre este tema, mas eles indicam que o impacto financeiro para os empregadores tem sido significativo.

produtividade nos escritórios
Gráfico demonstra que os custos com funcionários representam em média 90% do orçamento das empresas – Através destes números é possível ter uma ideia de quanto se pode economizar investindo na melhoria do bem-estar dos trabalhadores – Crédito da imagem:: GBC Brasil

Na mesma palestra foi apresentado o Well Building Standard, certificação internacional que analisa o bem-estar do ocupante do edifício, com uma abordagem holística para a saúde no ambiente.

produtividade nos escritórios
Arquiteta Maíra macedo, do GBC Brasil, durante a sua apresentação.

Entrevistamos a Arquiteta Maíra Macedo, coordenadora de Relações Institucionais e Governamentais do GBC Brasil, para entender melhor o relatório do WGBC, o estudo que está sendo realizado no Brasil e a certificação apresentada :

A pesquisa que está sendo realizada por vocês nos edifícios brasileiros, está baseada no relatório feito pelo WGBC , houve alguma adaptação no estudo para se adequar a realidade nacional?

– Sim, no nosso estudo, incluímos a categoria transporte.Considerando, por exemplo, uma metrópole como São Paulo, o deslocamento realizado pelos trabalhadores da residência ao local de trabalho, pode afetar diretamente no seu bem-estar. Um ocupante que gasta duas horas de deslocamento, provavelmente terá diferente percepção do local de trabalho que o que mora próximo e vai a pé. Essa categoria pode ser mensurada, quando estes dois ocupantes estão em situação semelhante de conforto e apresentam diferentes graus de satisfação

Além disso o questionário que está sendo aplicado no nosso estudo foi todo desenvolvido pelos pesquisadores brasileiros, elaborado baseado no resultado do relatório do WGBC e nas normas ISO.

A importância da biofilia no rendimento dos trabalhadores, foi um dos enfoques apresentado no estudo. Tendo em vista que muitos edifícios comerciais brasileiros são em pequenas salas, viradas para empenas de construções vizinhas ou mesmo para janelas do edifício ao lado, como trabalhar com a biofilia nessa situação? 

– A Biofilia está relacionada a respostas fisiológicas de como a experiências do contato com a natureza são processadas em diferentes partes do cérebro e outras partes do corpo humano, tais como: a frequência cardíaca, pressão arterial e hormônios do estresse . Pesquisas comprovam resultados diferenciados no cérebro que se relacionam com a experiência do ser humano em contato com a natureza real e artificial (o contato com a natureza real é melhor). Embora ainda haja muito a aprender, há evidências claras de que essas experiências com a natureza podem ajudar a redução  do estresse, melhorar função e aumentar a criatividade cognitiva dos ocupantes de um edifício.

No caso de um  edifício comercial não tenham a possibilidade de vistas externas para a natureza e se não houver natureza no entorno é possível implementar este contato dentro do próprio escritório, através de um jardim de inverno, ou mesmo com vasos com plantação de espécies reais.

Uma empresa multinacional que visitei recentemente estimula que os seus ocupantes passem ½ hora do seu dia em uma praça que está localizada nas proximidades da empresa. Este é um exemplo de uma possível solução caso não haja vistas) ou plantas dentro do escritório, o importante é que o contato com a natureza seja estimulado de alguma forma.

Para vocês pesquisadores, qual é a expectativa para os resultados?

– O trabalho que estamos desenvolvendo para o Brasil, com o apoio do IPT é um longo estudo e envolve algumas etapas. Realizamos a primeira etapa através de questionário para os ocupantes de Edificações Certificadas LEED CI, agora demos início à segunda etapa, na qual qualquer escritório do Brasil independente de ter obtido qualquer tipo de Certificação poderá participar.

Os participantes levam em torno de 15 minutos para responder o questionário, esta é a métrica perceptiva da Pesquisa. Com as respostas temos uma avaliação  da satisfação dos ocupantes com relação ao seu ambiente de trabalho e a sua percepção dos seguintes fatores: Qualidade do ar e da ventilação, conforto térmico, iluminação, qualidade acústica, ocupação de espaços e ergonomia, áreas verdes e vistas, aspecto e percepções, localização e transporte e facilidades e conveniências.

Posteriormente em uma próxima etapa o IPT fará medições em alguns dos escritórios a serem selecionados, os resultados serão as métricas físicas deste estudo. Os interessados em participar deste trabalho podem entrar em contato com o GBC Brasil através do meu e-mail: mairamacedo@gbcbrasil.org.br

– Na sua palestra foi dada uma introdução sobre o WELL Building Standard, poderia falar um pouco mais sobre essa certificação?

O WELL Building Standard é uma Certificação Internacional que foi desenvolvida para trabalhar em conjunto com a Certificação LEED. Enquanto o LEED certifica o empreendimentos, o WELL está focado no bem-estar dos ocupantes destas edificações e avalia 7 conceitos: Ar, Água, Nutrição, Iluminação, Fitness, Conforto e Mente. A Certificação WELL também passa por avaliação por terceira parte pelo GBCI, que é o mesmo órgão que faz a avaliação de terceira parte do LEED.

Atualmente existem 7 projetos certificados e 84 projetos registrados no WELL (em processo de Certificação), sendo que em termos de registros há 50% nos EUA e 50% em países como Inglaterra, China, Índia e Austrália. Qualquer projeto que queira se registrar no Brasil já poderá  fazê-lo através do WELL Online.

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