Shibam, a cidade dos arranha céus de terra

18/08/2020 por Leticia Figueiredo

A cidade de Shibam localizada na região de Hadramaute no centro-oeste do Iêmen, apelidada de ‘Manhattan do deserto’ por seus edifícios de terra, apresenta um dos primeiros exemplos de planejamento urbano baseado na construção verticalizada”, segundo o site da UNESCO.

O complexo urbanístico data do século XVI e conta majoritariamente com edifícios de 4 a 8 metros de altura feitos de argila composta por materiais encontrados no local.

Acima de tudo é um exemplo da adaptabilidade do homem a altas temperaturas e aos mais severos ambientes.

Localização estratégica da cidade de Shibam

Antes de mais nada é importante salientar os aspectos da implantação da cidade. Situada na rota de especiarias e incensos a cidade fica em uma colina rochosa em meio a um vale.

O planejamento da cidade teve que contar com a possibilidade de constantes inundações.

Portanto a princípio a seria lógico escolher um ponto mais alto para proteger seus moradores e plantações dessas inundações.

Desenho Urbano

O desenho urbano da cidade tem algo entre um padrão de grelha regular com traçado orgânico, e assim como muitas cidades da época tinha uma muralha que servia como estrutura de defesa.

Assim como os muros serviam de defesa, as pontes e portas que ligavam os edifícios também tinham a função de rota de fuga em caso de invasões de tribos inimigas.

Shibam, a cidade dos arranha céus de terra - Iemen viaLooklex

A cidade tem em torno 500 edificações entre moradias, mesquitas, shopping centers, supermercados, posto de gasolina. 

Aspectos arquitetônicos dos edifícios

De acordo com análises as torres foram construídas a partir de solo fértil existente em cidades próximas a região de Shibam.

Usa-se de uma mistura de:

  • feno
  • terra e
  • água

E modeladas em tijolos e secas ao sol. 

As paredes, piso e teto são rebocadas com palha de trigo e lama e levam duas demãos dessa mistura.

O reboco interno é feito artesanalmente a mão sem qualquer tipo de ferramenta ou acessório e alisado com uma espátula.

O reboco externo é feito com cal e areia.

As torres medem de 30 a 40 metros de altura e algumas podem chegar a 11 andares.

O térreo geralmente não possui janelas e era usado para armazenamento de gados e cereais se configurando um espaço de trabalho.

Em contrapartida os pisos superiores eram espaços de moradia e socialização.

As torres possuem estrutura de madeira, porém é importante lembrar que a região não favorece a durabilidade desse material.

Portanto do ponto de vista estrutural os edifícios precisam passar constantemente pelo processo de manutenção devido a fragilidade dessas estruturas.

A região sofre de constantes erosões provocadas por fortes ventos, chuva, calor e intempéries típicas de uma região desértica.

Shibam, a cidade dos arranha céus de terra

Patrimônio Histórico Cultural

A Manhattan do deserto que há mais de 300 anos abriga um grande número de arranha céus de terra não está suscetível somente as ameaças da natureza, ela está igualmente ameaçada pelo homem.

Em 1982 o Comitê do Patrimônio Mundial homologou a inscrição da Antiga Cidade Murada de Shibam, Iêmem na Lista do Patrimônio Mundial na Região Estados Árabes e posteriormente incluída na Lista do Patrimônio Mundial em Perigo em 2015.

“Além do terrível sofrimento humano que causam, estes ataques estão também a destruir o patrimônio cultural único do Iêmen, repositório da identidade, da história e da memória das pessoas, e um testemunho de exceção dos feitos da Civilização Islâmica”. Afirmou Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO, em um comunicado à imprensa.

Atualmente a cidade de Shibam possui cerca de 7 mil habitantes, e vem como toda cidade sofrendo influências e adaptações às novas necessidades do homem ao longo do tempo. 

Ainda assim as construções são até hoje feitas de forma artesanal e não muda muito do que faziam há 300 anos atrás, levando até 1 ano para serem construídas e sendo motivo para festas ao final da construção.

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