Casas em Formentera usam “alga” como isolamento térmico

A posidonia oceânica é o nome científico de uma planta subaquática, uma espécie de alga encontrada exclusivamente no Mediterrâneo e está sendo testada como isolante térmico em um projeto piloto de umas casas em Formentera, na Espanha.

Sua eficiência está sendo avaliada e os dados disponibilizados em forma de códigos abertos, para quem quiser acompanhar os estudos.



O Life Reusing Posidonia que é como foi chamado o projeto, tem como objetivo vencer os desafios das mudanças climáticas na região.

Cofinanciado pelo programa europeu de conservação da natureza LIFE + na categoria Governança Ambiental, o objetivo do projeto tem sido melhorar a habitabilidade das casas, bem como oferecer os dados do estudo de forma livre e gratuita.

Casas em Formentera usam alga como isolamento térmico
Casas em Formentera usam "alga" como isolamento térmico

Dados avaliados

Primeiramente os dados foram obtidos através da avaliação de um edifício piloto de 14 casas em Formentera públicas para alugar, em Sant Ferran, promovido e projetado pelo Instituto de Habitação Social das Baleares (IBAVI).

Suas formulas foram testadas para reduzir a pegada ecológica dos edifícios. O nível de conforto foi monitorado com a colaboração da Universidade das Ilhas Baleares e com consultoria ambiental da Societat Otgànica +10SCCL.

Os campos avaliados foram a produção de CO² e resíduos durante a construção do edifício e o consumo de energia e água durante a vida útil, no período 2016-2018.

O projeto tinha como objetivo valorizar o patrimônio e material encontrado no local como essa alga encontrada exclusivamente no mar mediterrâneo.

Com isso é possível unir arquitetura e o combate às mudanças climáticas. Demonstrando que o uso de sistemas e materiais da arquitetura tradicional, permitem economizar mais de 60% das emissões de CO² durante a construção das obras. 

Casas em Formentera usam "alga" como isolamento térmico

O uso de Posidonia oceânica no isolamento térmico

Fazer uso na construção civil de materiais encontrados na região onde acontecerá a obra é um dos princípios da arquitetura sustentável.

Nessa região a grande estrela é a posidonia oceânica seca, que nesse projeto está sendo utilizada como material de isolamento térmico.

O material não é novidade pois já era utilizado para o mesmo fim na arquitetura vernacular de Ibiza e Formentera.

Como é encontrado em abundância na região está novamente sendo olhado como opção para a construção civil.   

Características do projeto das Casas em Formentera

Todas as casas têm dois quartos e uma sala de estar-cozinha-sala de jantar com dupla orientação.

Contam com ventilação cruzada orientada para os ventos predominantes e grandes janelas para aquecer no inverno, equipadas com proteção solar. 

Alga é usada como isolante térmico

A estrutura é feita de paredes estruturais com cal em massa e pisos de madeira laminada.

A carpintaria exterior é feita de madeira de lariço e os interiores são recuperados da Fundação Deixalles.

interior sustentável
interior sustentável de casa em formentera

A organização dos espaços e as decisões formais são o resultado do conhecimento das vantagens e limitações dos materiais, que, por serem naturais, são mais frágeis. Essa fragilidade se torna o partido do projeto e uma oportunidade de design.

A alga é encontrada no mediterrâneo em excesso na praia é retirada em sacarias e seguem para produção em fabricantes locais.

posidonia oceânica

Esses fabricantes geralmente é um empresa familiar e possuem uma produção praticamente artesanal das placas de isolamento térmico.

Logo depois o material é colocado sobre paletes que são fechados pelos dois lados por placas de OSB.

isolamento térmico com alga
isolamento térmico com alga

Assim o painel é coberto com geotêxtil e por fim é adicionada uma membrana de EPDM formando as paredes.

O conforto termoacústico é um índice relevante para medir a habitabilidade e o bem estar dentro de casa.

Para isso a construção civil vem desenvolvendo projetos e descobrindo materiais para vencer altas e baixas temperaturas, com o objetivo de oferecer o melhor ambiente construído para seus moradores. 

Para acompanhar os dados e avaliações desse projeto e do uso da posidonia como material de isolamento térmico acompanhe na página do projeto.



Fotos: José Hevia

Patrick Blanc: O Mestre dos Jardins Verticais

Considerado o mestre dos jardins verticais, o botânico e paisagista Patrick Blanc se dedica há 40 anos ao estudo de espécies tropicais e a criação de paredes verdes por todo mundo.

Impossível falar de jardins verticais e não citar Blanc.

Nascido em 3 de junho de 1953 em Paris, desde criança já se interessava por plantas. Graduou-se em botânica na Universidade de Paris e em 1978, e defendeu seu doutorado na Universidade Pierre e Marie Curie em Paris.

Mas foi a partir dos anos 90 que Blanc ganhou projeção internacional e se tornou o pioneiro na criação de desse tipo de jardim. 



Primeiramente Blanc se destacou internacionalmente pelo projeto do Parc Floral de Paris, em 1994.

Parc Floral de Paris
Parc Floral de Paris

Depois disso Patrick não parou mais, e seu trabalhos foram ganhando projeção ao passo que seus jardins verticais foram ganhando espaços em edifícios públicos e privados.

Seus projetos estão por todo lugar como lojas, restaurantes, museus por várias cidades além de Paris, assim como Madrid, Nova Iorque, Milão, Sidney, Tóquio, Hong Kong, entre outros locais.

caixa forum madrid jardim vertical
Caixa Forum em Madrid

Jardins Verticais de Patrick Blanc pelo mundo

Uma grande e considerável amostra de seu portfolio está em Paris e conta com toda sorte de projetos, desde de projetos menores como a revitalização de uma parede para o evento, bem como projetos mais relevantes como museu Quai Branly Jacques Chirac.

jardim vertical Oasis d’Aboukir – revitalização de empena cega em Paris
Oasis d’Aboukir – revitalização de empena cega em Paris
Museu Quai Branly patrick blanc
Museu Quai Branly

Blanc era responsável pelo projeto do maior jardim vertical do mundo até 2013, o One Central Park em Sydney na Austrália, um edifício de uso misto com áreas comerciais no térreo, além de apartamentos residenciais no pavimentos superiores. 

One Central Park - Patrick Blanc
One Central Park

Além de lindas fachadas verdes, seus projetos em interiores também chamam atenção, como por exemplo o jardim suspenso em espiral em um centro comercial na Tailandia, nas suas instalações no PAMM (Museu de Arte de Miami), e até mesmo na sua própria casa em Paris.

jardim vertical de patrick blanc
Arquitetura Vernacular de Herzog & de Meuron em novo museu em Miami  jardins de Patrick Blanc
PAMM (Museu de Arte de Miami) – Foto: Iwan Baan
casa patrick blanc jardins verticais
Casa Patrick Blanc em Paris

Patrick Blanc no Brasil

A primeira visita conhecida de Blanc ao Brasil foi em 2004 em Pernambuco para uma exposição sobre fósseis da Chapada do Araripe, onde fez uma instalação itinerante em um parede curva na FAAP.

Parede Faap Pernumbuco

Posteriormente veio ao Brasil para outra exposição em comemoração do ano na França no Brasil em 2009.

Esteve em Curitiba em 2012 e ministrou uma palestra na terceira edição do Architectour, Seminário Internacional para a Cultura e o Turismo, onde explicou o conceito, importância, assim como as dificuldades do jardim vertical.

Em entrevista a Gazeta do Povo de Curitiba disse:

“Das quatro bilhões de pessoas que vivem no mundo, 70% moram em cidades, deslocadas de uma vivência natural. Trazer a natureza novamente ao dia a dia é muito importante. Os seres humanos se transformaram em seres urbanos, ainda que exista algum movimento para a incorporação do verde nas cidades. “

O que eu faço, na verdade, é recriar um ambiente ancestral, no qual nossos antepassados viveram, a fim de reconstituir uma memória que está gravada no nosso inconsciente.”

Em setembro 2018 ministrou duas palestras em Florianópolis no Encontro e Simpósio Brasileiro de Hidroponia.

Atualmente no auge dos seus 73 anos, continua em plena atividade com obras recentes em Dubai, Luxemburgo, Miami, Singapura, Nova York e outras.

O trabalho com paisagista é mundialmente conhecido, mas o que poucos sabem é que além disso Blanc também se dedicou por 25 anos a pesquisas na sua área no Centro Nacional de Pesquisa Científica, em Paris.

Segundo ele um jardim vertical é capaz de impactar e aproximar o homem da natureza, já que as plantas são seres vivos e assim como os humanos estão em constante mutação e precisam de relacionamento e cuidados para se manterem vivas. 

Conheça as vantagens dos jardins verticais

Em síntese o botânico considera fundamental a ideia de levar o verde para para o cinza das cidades, esse é o conceito número um de seu trabalho. Parabéns mestre do jardim vertical!



Fotos site Patrick Blanc

Casa de bambu nas Filipinas pode ser construída em 4 horas

Casa de bambu nas Filipinas tem um sistema modular com estrutura simples, materiais acessíveis regionalmente e economicamente, além de técnicas sustentáveis de construção.

O jovem designer de 23 anos, Earl Patrick Forlales desenvolveu o projeto da casa Cubo em Manila como solução para a crise habitacional no país e ganhou um prêmio internacional de 50 mil libras.

Não é a primeira vez que o bambu é solução para construções de baixo custo e usado como alternativa para habitação social, esse tipo de construção já ganhou espaço no México, Bali e agora é a vez das Filipinas.

A casa Cubo como foi denominada, ganhou o primeiro lugar no concurso mundial Cities for Our Future organizada pela Royal Institution Of Chartered Surveyors (RICS) em parceria com a UNESCO UKNC e a ACU.

O concurso tinha como objetivo receber projetos com soluções para os problemas de atualidade como: rápida urbanização, mudança climática e escassez de recursos.

O projeto da casa de bambu nas Filipinas foi inspirada na casa de campo dos seus avós.  Com design modular simples e materiais baratos e duráveis.

Cada módulo tem em torno de 12 m² e podem ser construídos em apenas quatro horas a um custo de apenas £ 60 por metro quadrado. 

casa de bambu premiada

Os módulos podem ter diversas conformações e no projeto apresentado no concurso as áreas privativas fica nas extremidades externas deixando uma área central para uso comum com banheiros, lavanderia, cozinha, escritórios podendo inclusive ter espaços como day care e clínicas.

Esses tipos de espaços proporcionam maior interação entre os moradores da comunidade fazendo assim surgir senso de pertencimento e comunidade. 

Casa de bambu nas Filipinas

Devido ao baixo custo e rápido tempo de construção as unidades teriam um preço de aluguel acessível em torno de £ 0,20 por dia.

Isso representa uma economia significativa em relação às alternativas existentes disponíveis em Manila, capital das Filipinas onde vive o jovem Forlales e 12 milhões de pessoas sendo que um terço dessa população mora em favelas.

O principal componente da casa que é o bambu, é um material muito utilizado em construções sustentáveis por ser um material que não é prejudicial à natureza já que libera 35% mais oxigênio que as árvores e pode ser colhido anualmente sem causar degradação do solo,

Além disso a casa cubo ainda possui estrutura em palafitas para as épocas de enchente, captação da água da chuva, redução do ganho de calor, ventilação cruzada e biodigestores na área comum.

casa de bambu nas Filipinas

interior em bambu

Com o valor do prêmio e vendendo lixo plástico para fábricas Forlales pretende levantar fundos para fazer o protótipo e  implantar os primeiros pilotos do projeto em Manila.


“Engineered bamboo is here and it’s going to stay. We know how to work the material and we can built our future cities around it.” (a construção de bambu existe e veio para ficar. Nós sabemos como trabalhar o material e podemos construir o futuro das nossas cidades com ele) diz seu idealizador.

Imagens: BBC

Cerrado é inspiração para projeto sustentável em restaurante vegano de São Paulo

O restaurante vegano Cajuí inaugurado ano passado trouxe para a Vila Madalena em São Paulo um pouco do cerrado brasileiro.

O projeto do escritório Vaga teve como premissa para o desenvolvimento do projeto e obra fazer o mínimo de intervenções no imóvel, minimizar e reaproveitar ao máximo os resíduos de obra, usar materiais de baixo impacto ambiental e aproveitar iluminação e ventilação natural com uma ambientação acolhedora e aconchegante para o público vegano.

Valorização da cultura brasileira e conscientização sobre desmatamento do cerrado

Sendo os aspecto social e a valorização da cultura local parte integrante e um dos tripés da sustentabilidade o conceito do projeto foi todo norteado pelo nome do restaurante.

Cajuí que é um fruto nativo do cerrado brasileiro região que é morada de muitos povos indígenas e que sofre com as consequências do grande desmatamento responsável pela emissão de 250 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano (a mesma quantidade emitida por 53 milhões de carros por ano).

Assim esse bioma rico e singular serviu de inspiração tanto para o cardápio quanto para a ambientação predominando a cor avermelhada do cerrado no piso e balcões e a iluminação natural que remete ao sol e calor do cerrado.

O cerrado é inspiração para projeto sustentável em restaurante vegano de São Paulo

Acessibilidade

Devido ao grande desnível o projeto foi dividido em dois platôs de maneiras que no primeiro platô, onde se localiza o bar, tivesse a plataforma elevatória e banheiros acessíveis possibilitando assim a entrada de pessoas com cadeiras de rodas ou mobilidade reduzida.

Para acesso ao outro platô as escadas foram desenhadas com generosas áreas de descanso para que ainda assim possa ter possibilidade de ser acessada com mais facilidade. 

Estrutura auxiliar em madeira

Evitar grandes reformas estruturais em imóveis a serem reformados além de baratear a obra também minimiza resíduos de obra e mantém no imóvel um pouco da sua história.

Reaproveitar a estrutura e mexer o mínimo possível no terreno foi o norteador do projeto. Para reforçar a estrutura existente optou-se por estrutura de madeira que é um material que tem sido muito utilizado em construções sustentáveis já que têm uma pegada de carbono incorporada menor em comparação a outros materiais de construção, como concreto e aço.

O cerrado é inspiração para projeto sustentável em restaurante vegano de São Paulo

Iluminação natural

Na cobertura a composição de telhas translúcidas com um forro de juta fez com que a luz natural incidisse de forma indireta no piso vermelho trazendo ainda mais o clima do cerrado para dentro do restaurante.

Aproveitamento de resíduo de obra

Com uma obra de baixo impacto ambiental a reforma gerou menos lixo que obras mais convencionais, porém tudo foi aproveitado na própria obra, seja para o deck localizado na área de espera, para o enchimento de pisos ou para o forro de bambu ao fundo do restaurante.

Biofilia

Os tons terrosos, o uso da madeira e a presença de muitas plantas no local, trazem aspectos do design biofílico ao espaço, transmitindo bem-estar aos clientes do restaurante.

restaurante vegano em são paulo

Com todas essas características o espaço é mais que simplesmente um restaurante vegano, é uma experiência sensorial do cerrado.

Além disso quem quiser conhecer o local, o projeto e experimentar o cardápio que conta com pratos, massas, lanches e petiscos também estará estimulando o comércio e produtores orgânicos locais.

Mais um projeto que mostra como a arquitetura sustentável se comunica em todos os seus aspectos com clientes, proprietários e entorno do imóvel onde está localizada.

Fotos: Pedro Napolitano Prata