Casas biofílicas inspiradas nas colmeias das abelhas
A biofilia está cada vez mais em alta. No caso do projeto do THE HIVE, a inspiração da natureza foi a vida das abelhas.
Como parte do concurso de design The Home of 2030 da RIBA , o escritório Gianluca Santosuosso Design de Londres criou o The HIVE Project (Human-Inclusive & Versatile Ecosystem), uma solução modular de casas biofílicas com baixo teor de carbono e energia.
Com alto grau de flexibilidade na personalização das unidades para os diferentes estágios da vida o projeto incluiu, além das diretrizes do concurso, a vida em escala humana, conceitos de arquitetura sustentável e economia circular.
Premissas do concurso
Segundo o escritório de estatísticas nacionais de Londres em 2030, 21,8% da população do Reino Unido terá mais de 65 anos, portanto acessibilidade e inclusão foram itens de importante relevância no concurso.
A diretrizes principais para avaliação dos projetos foram:
- vida amigável e inclusiva
- baixo impacto ambiental
- vida saudável
- entregável e escalonável
Dessa forma o projeto tinha que oferecer soluções que atendessem às necessidades econômicas do mercado e ser produzido em larga escala.
Vida em colmeia – a inspiração das casas biofílicas:
“As abelhas são insetos sociais, vivem juntas em comunidades bem organizadas”.
O forte sentimento de pertencimento e a vida em comunidade das abelhas também serviram de inspiração para o projeto.
Portanto a versatilidade da construção modular e o design biofílico foram fundamentais para que os habitantes de todas as idades se sintam confortáveis, seguros e úteis para a comunidade.
A flexibilidade do sistema modular das casas biofílicas permite uma grande personalização para que as pessoas adaptem suas casas às necessidades específicas de circulação, acessibilidade e estilo de vida e também aos usos privados e públicos.
Exemplo de usos do sistema modular nas casa biofílicas:
- Em casas de dois andares, o mesmo módulo pode ser projetado para acomodar uma escada ou um elevador.
- Rampas e caminhos suaves substituem degraus e obstáculos convencionais.
- Nos andares mais altos, os módulos hexagonais abertos permitem que os habitantes compartilhem jardins, pomares e parques infantis.
- Terraços privados espaçosos permitem que as pessoas interajam com os vizinhos
- Uma mistura de espaços privados, semiprivados e compartilhados permite que os residentes mantenham a privacidade e socializem com outras pessoas.
- O isolamento acústico e o controle de ruído são facilmente gerenciados pelos módulos pré-fabricados bem isolados e estruturalmente independentes.
Autossuficiência energética
Sistemas fotovoltaicos instalados no telhado e suportados por energias renováveis no local fornecem eletricidade para residências e áreas públicas.
O projeto também contemplou um sistema de compartilhamento de veículos elétricos que é carregado por esse sistema de captação de energia.
Conforto térmico
Os sistemas de aquecimento, resfriamento e água quente contam com pilhas geotérmicas de circuito fechado e bombas de calor para controle de temperatura e conforto interno.
Orientação solar
Os estudos de orientação solar sugerem que a melhor orientação das moradias é 60° / 75 ° N.
A fim de minimizar o superaquecimento durante o verão e economia de energia durante o inverno.
Qualidade do ar
Assim como o complexo conta com um forte sistema para o conforto térmico, o projeto também contempla um sistema inteligente de monitoramento da qualidade do ar.
Portanto instalou-se sensores de qualidade do ar, sistemas de ventilação mecânica e ventilação natural garantindo assim o mais altos padrões de qualidade do ar.
Um sistema de controle baseado em computador (BMS) permite um gerenciamento inteligente de todos os recursos.
Sistema de aproveitamento de água
O sistema de reaproveitamento de água se baseou em 5 princípios:
- reduzir o consumo de água,
- coletar e reutilizar a água da chuva em um ciclo cradle-to-cradle,
- instalar redes dedicadas para água potável, água cinza e negra,
- reciclar água cinza,
- reciclar dejetos humanos e água preta.
Foram utilizados por exemplo acessórios que economizam água e banheiros compostáveis bem como micro-descarga criam uma rede de dispositivos que reduz a demanda de água.
Uma cisterna coletada pela comunidade atende parte da demanda de água da residência.
Economia Circular no projeto das Casas biofílicas
O Projeto HIVE contemplou em sua produção um esquema de economia circular que inclui residências, bem como instalações compartilhadas e sistemas de geração de energia e alimentos no local.
Este “Sócio-Eco-Sistema” promove a coesão social e a regeneração da natureza ao incorporar as necessidades não só dos humanos, mas também do local existente e da flora e fauna locais.
O Projeto HIVE sugere que o local de implantação seja por exemplo em um terreno brownfield.
O termo que significa “campo marrom” é designado para instalações industriais e comerciais abandonadas ou subutilizadas.
Outra característica dos brownfields é que sua regeneração é ainda mais desafiadora já que existe a possibilidade de contaminações ambientais, mas a vantagem é justamente estar recuperando uma área já degradada.
Passo a passo:
- O local “brownfield” é identificado.
- Divide-se o espaço em “Área de Regeneração da Natureza” (NRA) e a futura “Área de Desenvolvimento” (DA).
- Etapa de produção das peças que formam os módulos
- Uma mistura de cânhamo industrial de origem local e ligante natural oferece uma alternativa às camadas de isolamento tradicionais com: Pegada de carbono negativo, excelente controle de umidade, permeabilidade ao vapor e fortes propriedades de isolamento acústico.
- O módulo está pronto para ser dirigido ao local de instalação.
- Alguns módulos são construídos no DA ao mesmo tempo que o NRA floresce.
- A comunidade cresce, muda e agrega novas funções graças à grande flexibilidade oferecida pelo sistema HIVE.
- A natureza se regenera ao redor e dentro do DA;
- No final do seu ciclo de vida, os materiais biodegradáveis utilizados na construção são facilmente eliminados.
Como os materiais utilizados nas casa biofílicas são basicamente canhamo, madeira e calcário, ao final de sua vida útil, se não estiverem em condições de serem reutilizados, retornam como nutrientes para a natureza no próprio local.
Como resultado o NRA é regenerado à medida que a comunidade cresce.
Um belo exemplo de projeto habitacional em que a comunidade e vegetação ao redor só tem a ganhar com a sua expansão.
Fotos: site Gianlucca Santosuosso
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