Cimento reciclado promete reduzir emissões sem perder resistência

Engenheiros da Universidade de São Paulo e da Universidade de Princeton desenvolveram um cimento reciclado que se iguala à resistência do cimento Portland e reduz as emissões em 61%.
Um método inovador para reciclar resíduos de cimento, transformando resíduos de demolição em uma alternativa sustentável e de baixo carbono ao cimento Portland convencional.
Propriedade do cimento reciclado:
- Cimento reciclado de alta qualidade:
- Emissões reduzidas em até 61%.
- Utilização de resíduos de construção.
- Processo ativado por calor: 500 °C.
- Mistura otimizada com cimento Portland moído.
- Menor porosidade e maior resistência.
- Potencial chave para economia circular.
- Desafios regulatórios e logísticos.
Uma segunda vida para os resíduos da construção
Engenheiros da Universidade de São Paulo e da Universidade de Princeton desenvolveram uma técnica para reciclar cimento de resíduos de construção e transformá-lo em um material de baixo carbono e alto desempenho.
Este cimento reciclado é comparável em resistência ao cimento Portland tradicional, mas gera uma fração das emissões de CO₂.
O cimento convencional é responsável por aproximadamente 8% das emissões globais, portanto, encontrar alternativas viáveis tem impacto direto na sustentabilidade do setor da construção, que é um dos principais responsáveis pelos impactos no meio ambiente no mundo
Aproveitando um enorme fluxo de resíduos
Em países como os EUA, em 2018, a quantidade de resíduos de construção e demolição foi o dobro da de lixo doméstico. Normalmente, esses materiais acabam em aterros sanitários ou são usados em aplicações de baixa qualidade. Essa nova tecnologia aumenta o valor dos resíduos de cimento, permitindo seu uso em estruturas de alto nível.
Resultados surpreendentes: até 80% de material reciclado
Testes mostraram que misturas contendo até 80% de cimento reciclado termoativado alcançaram propriedades mecânicas semelhantes às do cimento Portland puro, com reduções de emissões entre 198 e 320 kg de CO₂ por tonelada — até 40% menos do que outras alternativas de baixo carbono, como o LC3 (cimento de argila calcinada e calcário).

Termoativação: chave do processo
O método consiste em:
- Moer o concreto demolido até virar um pó fino.
- Aquecer a 500 °C, temperatura suficiente para restaurar a reatividade do cimento sem decompor os carbonatos (evitando emissões extras).
- Misturar com pequenas quantidades de cimento Portland moído ou calcário, o que melhora a densidade do material e reduz a demanda de água, aumentando assim sua resistência.
Essa abordagem evita o uso exclusivo de cimento termoativado, que por si só tem uma área superficial específica muito alta, resultando em alta porosidade e menor resistência.
Barreiras à implementação em larga escala
Apesar do potencial, a equipe aponta vários desafios:
- Classificação eficiente de resíduos para utilização como matéria-prima.
- Necessidade de infraestrutura especializada em reciclagem.
- Atualização dos padrões de construção, que ainda são baseados em fórmulas fixas e não em desempenho técnico.
- Aplicabilidade em cidades maduras, onde há um fluxo constante de materiais de edifícios antigos.
Já estão sendo tomadas medidas nessa direção. Alguns países da Europa e da América Latina começaram a implementar padrões baseados em desempenho, facilitando o uso de materiais inovadores como esses.
Potencial desta tecnologia
Transformar resíduos em recursos úteis é um dos pilares da economia circular. Essa tecnologia não apenas reduz as emissões como também reutiliza materiais locais, reduzindo o impacto do transporte e estendendo a vida útil dos recursos já extraídos.
Além do mais o cimento reciclado:
- Contribui para a descarbonização de um dos setores mais poluentes do mundo.
- Permite o desenvolvimento de infraestrutura mais verde e responsável.
- Representa uma solução viável para países com grande volume de edifícios antigos.
- Pode inspirar novos modelos de construção, baseados em ciclos fechados de uso de materiais.
Esse tipo de inovação abre caminho para uma construção verdadeiramente sustentável, resiliente e eficiente.
Fontes: Ecoinventos e princeton.edu
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