Loja circular de varejo brasileira é destaque de sustentabilidade

13/01/2023 por Redação SustentArqui

A primeira loja circular do varejo brasileiro que segue o conceito de circularidade e tem como objetivo de diminuir seu impacto ambiental está localizada no Rio de Janeiro, é a Renner do Shopping Rio Sul.

Considerando que os setores da moda e da construção civil são uns que mais impactam o meio ambiente, esse é um belo exemplo de como é possível fazer melhor em ambas áreas.

O conceito de economia circular consiste em um movimento que associa o melhor uso possível de recursos naturais ao desenvolvimento econômico. Através da inovação e otimização dos processos de fabricação com menos dependência de matéria-prima virgem, sempre priorizando insumos e materiais que sejam recicláveis, renováveis e mais duráveis.

A varejista, que integra a carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3, busca incorporar os princípios de economia circular na criação de seus produtos há alguns anos. E, por isso, o desenvolvimento natural foi levar essa filosofia também para o ambiente construído.

Promover a economia circular é uma pauta importante quando se trata de construção sustentável.

O programa de conformidade foi ampliado com o objetivo de qualificar os fornecedores parceiros. Com isso, todos os envolvidos no projeto passaram por treinamentos sobre sustentabilidade e economia circular.

O mais interessante a respeito dessa loja circular é que foi pensada e estudada durante muito tempo. O projeto começou em 2019, foi inaugurada em 2021 e finalmente foi certificada em outubro de 2022 com o LEED ID+C Retail v4 a nível GOLD com 70 pontos.

A companhia de varejo brasileira possui uma sólida estratégia ESG, com iniciativas voltadas para a produção de peças menos impactantes, redução das emissões de CO2, consumo de energia limpa e eficiência energética. Essa nova loja é pioneira no mercado e faz parte do plano de aceleração da jornada ESG da empresa.

O objetivo com isso é equilibrar o uso de recursos renováveis, assim, preservando o meio ambiente.

Tendo em vista a transformação constante dos hábitos dos consumidores, desde 2014 suas lojas seguem padrões de responsabilidade ambiental guiados pela certificação LEED, reconhecida internacionalmente para construções sustentáveis.

A partir de 2016, a empresa passou a neutralizar 100% das suas emissões de CO2. E está ampliando o consumo de energia renovável de baixo impacto a cada ano. 100% de 170 lojas já são abastecidas com energia eólica.

Além da preocupação com a sustentabilidade ambiental, o aspecto social também foi englobado na loja circular do Rio Sul. A comunidade no entorno do shopping onde a loja fica recebeu atenção do Instituto Lojas Renner, o braço social da companhia, que desenvolveu ações de capacitação e apoio a pessoas vulneráveis.

A nova loja modelo conta com conceitos de economia circular na escolha de materiais duradouros, na preservação e reutilização de recursos, e no descarte adequado no fim do ciclo de vida útil.

Diferenciais da loja circular no Rio Sul:

ARQUITETURA ÚNICA – Arquitetura guiada pelo design circular, além de seguir preceitos da certificação de sustentabilidade LEED. Com isso, o uso de materiais é otimizado para evitar descartes e melhorar a vida útil.

ESPAÇOS MAIS VERDES – Além do uso de materiais recicláveis desenvolvidos a partir das premissas de circularidade, a loja tem espaço de destaque para a biofilia, com o uso de plantas e elementos naturais que promovem a conexão direta com a natureza.

SUSTENTABILIDADE EM DESTAQUE – Na loja há espaços dedicados para iniciativas de sustentabilidade da Renner como o Ecoestilo, que é o programa de logística reversa que coleta embalagens e roupas, as parcerias com o brechó online Repassa e o aplicativo SOS Costura, além de destaques para produtos do Selo Re Moda Responsável, upcycling e processos que garantem menor uso de água.

CIRCULARIDADE NOS DETALHES – Na fachada, uma área permeável e transparente traz mais luminosidade, tornando os espaços mais convidativos. O mobiliário e manequins também foram desenvolvidos em processos circulares, contando inclusive com logística reversa.

EXPERIÊNCIA DE COMPRA – A Loja Circular incentiva práticas para o consumidor aplicar em seu dia a dia um consumo mais consciente. Além disso, integra canais físicos e digitais para customizar sua experiência de compra (omnichannel) e conta com totens de compra e tablets. Além de provadores mais confortáveis e inclusivos.

Economia em números (números oficiais obtidos no site da empresa):

  • 100% das lâmpadas são de LED
  • 94% menos descartes de materiais na construção
  • 56% menos consumo de água comparada com lojas antigas
  • 8.5 toneladas de aço estrutural economizado
  • 424 MIL litros de água economizados ao ano
  • 326 MIL quilos de CO₂ lançados na atmosfera
  • 100% de energia renovável de baixo impacto (eólica)


Por causa da economia circular, algumas inovações foram adotadas dentro do referencial LEED através da busca por créditos diferenciados! Karolini Silva, coordenadora técnica da Sustentech, consultoria de sustentabilidade, explica:

“Para o crédito ‘Interiors life cycle impact reduction’ foi feita, de forma inusitada, a primeira análise de ACV para retail. Durante a fase de projeto a Análise do Ciclo de Vida ajudou nas tomadas de decisão do projeto e escolha de materiais que reduzissem os impactos ao longo do ciclo de vida da loja. No caso da Renner Rio Sul, o reuso de elementos já existentes na loja, como piso e parede, também fizeram parte desse crédito”.

Karolini também cita “No crédito ‘Long term commitment’, que exige que a loja possua um contrato de locação de 10 anos, o que não seria possível tendo em vista que o Shopping Rio Sul pratica contratos de locação de no máximo 5 anos, foi conquistado através do chamado ‘Alternative Compliance Path (ACP)’, através da alegação de que a Renner está presente nesse shopping desde 1999, ou seja, há mais de 20 anos, e também da entrega de uma carta de intenção de permanência no mesmo.”

“Já para o crédito ‘Sourcing of raw materials’, conseguimos as declarações ambientais dos produtos atestadas por terceira parte. A exigência é de que 30% do seu custo em materiais deve possuir declarações ambientais (DAP’s) que declarem a fonte da matéria prima do produto, e na Renner conseguimos chegar aos 60%, o que muito se deu devido ao reuso de piso e parede. Com isso, dobramos a pontuação. ”

“Para o crédito ‘Bicycle Facilities’, um crédito difícil de ser obtido quando se trata de um shopping, foi realizado um cálculo por área da loja, que revelou que o bicicletário do Rio Sul, que possui 54 vagas de bicicleta, atende perfeitamente a Renner, ou seja, seus funcionários e clientes. Além disso, a Renner engajou no tema e promoveu um desconto de 20% para manutenção de bicicletas em uma oficina próxima para os funcionários que irão trabalhar utilizando esse transporte. ” E por fim, Karolini comenta:

“Para o crédito ‘Inovation’ também utilizamos o recurso ACP, onde declaramos que há equidade social dentro da equipe de empreendimentos. Isso deu certo por conta das iniciativas do Instituto Renner com o objetivo de gerar inclusão e promover a equidade social, além de criar cadeias de fornecimento para a empresa, e com isso, investir em projetos de capacitação de mulheres migrantes através de cursos de costura e funcionários, desenvolvendo pessoas diversas para o mercado de trabalho, por exemplo.”

Os próximos passos da sustentabilidade estão claros. Eduardo Ferlauto, gerente geral de sustentabilidade das Lojas Renner, afirma: “Queremos ser net zero em 2050 e reduzir em 30% as nossas emissões de gases-estufa até 2030. A sustentabilidade é uma convicção que a gente tem. Ela passou a ser um valor para nós em 2013, e desde então a nossa estratégia foi sempre começar pequeno, testar ideias e pensar no longo prazo.”

Em complemento a esse case diferenciado de LEED Retail, Felipe Faria, CEO do Green Building Council Brasil, comenta sobre como o LEED Zero pode ajudar empreendimentos de retail nesses objetivos:

Somente a operação das edificações é responsável por 27% das emissões globais e, somando o carbono da fase de construção, chegamos a 37%. As certificações do Green Building Council traçam um caminho, onde apesar do impacto alarmante, o setor passa a ser visto como solução, pois há conhecimento técnico que permite intervenções na construção e operação das edificações, reduzindo as emissões com total viabilidade financeira.”

Fontes: GBC Brasil – por Sustentech e Fashion Network

Fotos: Fernanda Baldioti / Fashion Network – Foto capa: Divulgação Renner

COMPARTILHE

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *