Cerrado é inspiração para projeto sustentável em restaurante vegano de São Paulo
O restaurante vegano Cajuí inaugurado ano passado trouxe para a Vila Madalena em São Paulo um pouco do cerrado brasileiro.
O projeto do escritório Vaga teve como premissa para o desenvolvimento do projeto e obra fazer o mínimo de intervenções no imóvel, minimizar e reaproveitar ao máximo os resíduos de obra, usar materiais de baixo impacto ambiental e aproveitar iluminação e ventilação natural com uma ambientação acolhedora e aconchegante para o público vegano.
Valorização da cultura brasileira e conscientização sobre desmatamento do cerrado
Sendo os aspecto social e a valorização da cultura local parte integrante e um dos tripés da sustentabilidade o conceito do projeto foi todo norteado pelo nome do restaurante.
Cajuí que é um fruto nativo do cerrado brasileiro região que é morada de muitos povos indígenas e que sofre com as consequências do grande desmatamento responsável pela emissão de 250 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano (a mesma quantidade emitida por 53 milhões de carros por ano).
Assim esse bioma rico e singular serviu de inspiração tanto para o cardápio quanto para a ambientação predominando a cor avermelhada do cerrado no piso e balcões e a iluminação natural que remete ao sol e calor do cerrado.
Acessibilidade
Devido ao grande desnível o projeto foi dividido em dois platôs de maneiras que no primeiro platô, onde se localiza o bar, tivesse a plataforma elevatória e banheiros acessíveis possibilitando assim a entrada de pessoas com cadeiras de rodas ou mobilidade reduzida.
Para acesso ao outro platô as escadas foram desenhadas com generosas áreas de descanso para que ainda assim possa ter possibilidade de ser acessada com mais facilidade.
Estrutura auxiliar em madeira
Evitar grandes reformas estruturais em imóveis a serem reformados além de baratear a obra também minimiza resíduos de obra e mantém no imóvel um pouco da sua história.
Reaproveitar a estrutura e mexer o mínimo possível no terreno foi o norteador do projeto. Para reforçar a estrutura existente optou-se por estrutura de madeira que é um material que tem sido muito utilizado em construções sustentáveis já que têm uma pegada de carbono incorporada menor em comparação a outros materiais de construção, como concreto e aço.
Iluminação natural
Na cobertura a composição de telhas translúcidas com um forro de juta fez com que a luz natural incidisse de forma indireta no piso vermelho trazendo ainda mais o clima do cerrado para dentro do restaurante.
Aproveitamento de resíduo de obra
Com uma obra de baixo impacto ambiental a reforma gerou menos lixo que obras mais convencionais, porém tudo foi aproveitado na própria obra, seja para o deck localizado na área de espera, para o enchimento de pisos ou para o forro de bambu ao fundo do restaurante.
Biofilia
Os tons terrosos, o uso da madeira e a presença de muitas plantas no local, trazem aspectos do design biofílico ao espaço, transmitindo bem-estar aos clientes do restaurante.
Com todas essas características o espaço é mais que simplesmente um restaurante vegano, é uma experiência sensorial do cerrado.
Além disso quem quiser conhecer o local, o projeto e experimentar o cardápio que conta com pratos, massas, lanches e petiscos também estará estimulando o comércio e produtores orgânicos locais.
Mais um projeto que mostra como a arquitetura sustentável se comunica em todos os seus aspectos com clientes, proprietários e entorno do imóvel onde está localizada.
Fotos: Pedro Napolitano Prata
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