Amsterdã adota modelo de economia Donut e propõe novos soluções de moradias

14/08/2020 por Leticia Figueiredo

Amsterdã que é conhecida como a cidade das bicicletas e referência em mobilidade urbana, quer apostar num desenvolvimento ainda mais inovador e sustentável, baseado no modelo de economia Donut, elaborado na Universidade de Oxford pela economista Kate Raworth.

O modelo servirá de guia para nortear as novas políticas necessárias para sair da recessão econômica causada pela pandemia do coronavírus.

Dentre outras políticas o modelo donut tem principalmente a preocupação em garantir que o consumo de novos materiais e recursos naturais seja reduzido em 50% na próxima década.

Assim como o modelo donut é uma alternativa para retomada da economia, a medida tem a função de solucionar os problemas de déficit habitacional da cidade de Amsterdã.

Como funciona o modelo de economia circular donut?

O modelo é baseado em anéis onde no centro estão primeiramente as necessidades básicas consideradas pelos objetivos do desenvolvimento sustentável para se ter qualidade de vida.

Imagem: Cartilha

Anel interno do Donut

No centro estão as necessidades básicas que seriam por exemplo:

  • alimentação
  • água potável
  • moradia
  • saneamento básico
  • energia
  • educação
  • saúde
  • igualdade de gênero
  • renda 
  • voz política. 

Anel externo do Donut

O anel externo representa o teto ecológico, ou seja, os limites que a humanidade não deve atravessar para evitar danos tais como:

  • mudanças no clima, aos solos
  • poluição dos oceanos
  • efeito estufa
  • danos à camada de ozônio
  • poluição de água doce
  • extinção de fauna, flora e à biodiversidade.

Entre os anéis do centro e externo

Entre os dois anéis estão as necessidades de todos e do planeta.

“Quando, de repente, temos que nos preocupar com o clima, a saúde, os empregos, a moradia, os cuidados e as comunidades, existe uma estrutura em torno que pode nos ajudar com tudo isso?” Raworth diz.

Economia Donut Amsterdã
Imagem: Cartilha

Como o modelo circular pode contribuir para solucionar o problemas de moradia de Amsterdã:

Atualmente as necessidades de moradia dos residentes de Amsterdã não estão sendo atendidas, quase 20% dos inquilinos da cidade não conseguem cobrir suas necessidades básicas depois de pagar o aluguel.

Uma solução poderia ser construir mais casas, mas as emissões de dióxido de carbono do setor estão 31% acima dos níveis de 1990. 

Desses 31%, 62% das emissões totais são provenientes importações de materiais de construção, alimentos e produtos de consumo.

A vice prefeita de Amsterdã, Van Doorninck, diz que a cidade planeja regulamentar, ou seja, garantir que os construtores usem materiais que são de preferencia, reciclados e de base biológica, como a madeira.

“O fato de as casas serem muito caras não tem a ver apenas com a falta de construção. Há muito capital fluindo ao redor do mundo tentando encontrar um investimento e, no momento, o imobiliário é visto como a melhor forma de investir, o que eleva os preços ”, afirma.

Economia Donut no combate na exploração de mão de obra

O porto de Amsterdã é o maior importador mundial de grãos de cacau, principalmente da África Ocidental, onde a mão-de-obra costuma ser altamente explorada.

A vice prefeita afirma primeiramente que esse modelo de economia “Dá espaço para falar se você quer ser o local onde estão armazenados os produtos produzidos com trabalho infantil ou com outras formas de exploração do trabalho”.

E complementa dizendo que é possível incluir a pauta de direitos trabalhistas na África Ocidental.

Organizações trabalhando no desenvolvimento do projeto

A cartilha do projeto trata das seguintes pautas:

  • Amsterdã se tornando uma cidade próspera
  • The Donut: uma bússola do século 21 
  • Criando um retrato de cidade próspera 
  • Retrato 6 da cidade de Amsterdã
  • Lente 1: Social Local – O que isso significaria para o pessoas de Amsterdã para prosperar?
  • Lente 2: Ecológica Local – O que significaria para Amsterdã prosperar em seu habitat natural?
  • Lente 3: Ecológico Global – O que significaria para Amsterdã respeitar a saúde de todo o planeta?
  • Lente 4: Social Global – O que significaria para Amsterdã respeitar o bem-estar das pessoas em todo o mundo?
  • O retrato da cidade como uma ferramenta para ação transformadora 1. Do retrato público à selfie da cidade 2. Novas perspectivas na análise de políticas
  • Princípios para colocar o Donut em prática

“O donut não nos traz as respostas, mas uma forma de olhar, para que não continuemos nas mesmas estruturas de antes.” diz Van Doorninck.

Em outras palavras o modelo é promissor e muitos estão otimista e apostam na retomada econômica através do modelo donut.

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