Como as certificações ambientais podem contribuir para a AGENDA 2030

17/09/2018 por Redação SustentArqui

Confira o artigo da arquiteta Mônica Fischer para o GBC Brasil sobre as contribuições das certificações ambientais à AGENDA 2030:

O Fórum Político de Alto Nível sobre desenvolvimento Sustentável da ONU, a partir da constatação que a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões é o maior desafio global, e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável do planeta, elaborou, em 2015, o documento Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável.

Nele são apresentados 17 objetivos detalhados em 169 metas, que funcionam como uma lista de tarefas a serem cumpridas pelos governos, sociedade civil, setor privado e todos cidadãos na jornada coletiva para um 2030 sustentável,sem deixar ninguém para trás.

Nesse sentido, certificações ambientais de edificações são uma importante ferramenta para a transformação da construção civil, setor que responde por grande parte dos impactos negativos ao meio ambiente e que é um elemento fundamental no cumprimento das metas propostas pela agenda.

Através das certificações ambientais consegue-se mensurar, avaliar e mitigar os impactos ambientais da implantação, construção e uso de uma edificação, contribuindo não só para a esfera ambiental do desenvolvimento sustentável, como também a econômica e social, na medida em que gera valor e envolve um grande número de pessoas durante todo o ciclo de vida de um empreendimento.

Um estudo feito pela autora deste artigo, identificou 16 metas da agenda 2030 que podem ser beneficiadas diretamente pela adoção das certificações ambientais LEED e GBC Brasil Casa, durante o projeto, construção e uso de edificações.

– Questões de saúde e bem-estar (meta 3.9):

São beneficiadas pelos incentivos às soluções alternativas de transporte, como o caminhar, o uso da bicicleta e do transporte público, promovidas como meio de redução da poluição do ar por veículos automotores. Também beneficiam a meta, as ações promovidas durante a obra, como os planos de prevenção da poluição do ar por materiais particulados e controle da erosão do terreno.

Quanto à qualidade do ar interior da edificação, as certificações incentivam o uso de materiais de construção de baixa ou nenhuma emissão de contaminantes que possam causar lesão, desconforto ou mal-estar aos operários da construção e aos futuros usuários.

– Educação de qualidade (meta 4.4)

O GBC Brasil contribui na busca por educação de qualidade (meta 4.4), na medida em que inclui em sua certificação, oportunidades de desenvolvimento profissional e pessoal aos funcionários que participam da obra, propondo cursos relacionados a atividades da construção, alfabetização, inclusão digital entre outros.

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– Gestão sustentável da água(metas 6.3 e 6.4)

As certificações contribuem com a gestão sustentável da água(metas 6.3 e 6.4), já que promovem estratégias como a redução de superfícies impermeáveis, a manutenção de áreas verdes no terreno, o uso de adubos orgânicos e controle não-tóxico de pragas como forma de manter a qualidade da água pluvial e não impedir sua infiltração no lençol freático.

Para a redução da demanda do consumo da água, incentivam a adoção de dispositivos hidrossanitários de alta eficiência, práticas de irrigação eficientes no paisagismo, o controle do consumo e o reúso da água.

– Eficiência energética(metas 7.2 e 7.3)

Em se tratando de eficiência energética, as certificações incentivam o uso de fontes renováveis de energia como painéis fotovoltaicos, geradores eólicos e painéis coletores para aquecimento da água.

Promovem estratégias passivas de projeto considerando a orientação solar, ventilação, iluminação natural e a zona bioclimática, como forma de reduzir as necessidades energéticas das edificações.

Ainda durante o projeto, medem o desempenho energético dos diversos sistemas da edificação através de simulações por computador, para melhorá-los com tomada de decisões estratégicas. Incentivam também o uso de equipamentos, lâmpadas e eletrodomésticos eficientes e o monitoramento do consumo de energia.


– Trabalho decente (meta 8.3)

Sobre trabalho decente (meta 8.3), o GBC Brasil exige que as empresas construtoras e os fornecedores de materiais e serviços atendam aos requisitos de legalidade, formalidade e qualidade da mão-de-obra.

– Fomento de inovação (meta 9.5)

O tema fomento de inovação (meta 9.5), é abordado nas duas certificações quando incentivam as equipes de projetos a buscarem soluções e estratégias inovadoras não abordadas em seus manuais. Além disso, o LEED incentiva também o atendimento de propostas da sua biblioteca de créditos pilotos.

– Cidades sustentáveis (meta 11.6)

O assunto cidades sustentáveis (meta 11.6) é amplamente abordado nas certificações. Em relação a qualidade do ar, por exemplo, elas incentivam o uso de transportes alternativos como forma de mitigar a poluição proveniente da queima dos combustíveis derivados do petróleo.

Para a redução dos despejos em aterros e incineradores, de resíduos de construção e dos gerados pelos ocupantes da edificação, as certificações incentivam a recuperação, reutilização e reciclagem de materiais, bem como o uso de materiais com conteúdo reciclado.

– Consumo e produção sustentáveis (metas 12.2 e 12.5)

O consumo e produção sustentáveis (metas 12.2 e 12.5), são vistos pelas certificações sobre a ótica da gestão e uso eficiente de recursos naturais e redução da geração de resíduos nas obras, e empregam as mesmas estratégias de uso responsável de materiais, indicadas no item anterior.

Além disso, propõem a revisão de sistemas construtivos e utilização de sistemas modulares, para reduzir a perda de materiais e exige o uso de madeiras certificadas, promovendo o manejo sustentável em toda a cadeia produtiva.

A análise do ciclo de vida de um produto é um ponto abordado nas certificações como forma de entendimento dos seus impactos ambientais, desde a extração até sua disposição no lixo.

– Mudanças climáticas(meta 13.3)

As questões sobre Mudanças climáticas(meta 13.3), são beneficiadas pela promoção do uso de transportes alternativos e o uso de fontes renováveis para geração de energia elétrica e aquecimento da água como forma de mitigar a poluição derivada da queima dos combustíveis fósseis como o petróleo, carvão mineral e o gás natural.

Outras atividades que emitem grande quantidade de CO2 e gases formadores do efeito estufa, como o descarte de resíduos em lixões e o desmatamento das florestas, são combatidas pelas certificações com a correta gestão dos resíduos da construção e o uso de madeiras certificadas, provenientes de espécies nativas legalizadas ou exóticas de rápido crescimento.

– Ecossistemas terrestres(metas 15.1, 15.3, 15.5 e 15.8)

Finalizando com ecossistemas terrestres(metas 15.1, 15.3, 15.5 e 15.8), as certificações ambientais enfatizam a importância da escolha cuidadosa do local de implantação da nova edificação e a preferência em fazê-la em núcleos de desenvolvimento urbanos já consolidados, protegendo terras e diminuindo a pressão em áreas naturais.


Também promovem a preservação de áreas naturais existentes com a restauração e conservação de plantas nativas, habitat de animais selvagens, zonas úmidas e corpos d’água. Inibem o desmatamento de florestas através do incentivo do consumo de madeiras certificadas.

Muito importante ressaltar que, o LEED Homes e o GBC Brasil Casa incentivam o uso de espécies de plantas nativas do ecossistema local e adotam como pré-requisito a não utilização e retirada de espécies de plantas invasoras no paisagismo do empreendimento, como forma de proteger a biodiversidade nativa.

Por Mônica Fischer

Arquiteta e Urbanista, especialista em construções sustentáveis, consultora GBC Brasil Casa.

Baseado em seu artigo ANÁLISE DA CONTRIBUIÇÃO DAS CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS AOS DESAFIOS DA AGENDA 2030 publicado na Revista Internacional de Ciências da UERJ, 2018. (http://www.e-publicacoes.uerj.br/ojs/index.php/ric/article/view/30754)

Fonte: GBC Brasil

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