Como alcançar sua independência energética

28/09/2017 por Danielle Garcia

Já pensou que sonho seria não precisarmos mais pagar uma conta de energia? Ou que, pelo menos, essa conta fosse muito mais baixa que o eventual? Diante do atual cenário econômico do nosso país e do crescente valor da tarifa de energia, melhor do que falarmos em eficiência energética é podermos falar em independência energética.

Mas, primeiramente, devemos entender que dificilmente chegamos à independência energética sem passarmos pela eficiência energética. A primeira é o objetivo final, a sua meta, enquanto a segunda é o caminho, o processo.

Quando nos referimos à eficiência energética em edificações, há no mercado, consultorias especializadas no desenvolvimento de estudos, simulações, análises de viabilidade e de risco, e que oferecem aos proprietários ou inquilinos desses empreendimentos, escolhas seguras e as melhores opções de investimento em soluções e equipamentos eficientes.

Assim, os clientes garantem uma redução significativa na conta de energia e um retorno de investimento bem atrativo.

Independência Energética

Agora, quando nos referimos à eficiência energética em residências, não conseguimos distinguir na conta onde gastamos mais energia, o que nos impede de planejarmos uma economia efetiva.

 


De uma forma geral e intuitiva, sabemos que o ar condicionado e o chuveiro elétrico, por exemplo, são os principais vilões. Paralelamente, os estudos personalizados feitos pelas consultorias especializadas, na maioria das vezes, acabam sendo inviáveis economicamente.

Partindo desse princípio, algumas ações de eficiência energética devem ser levadas em consideração como sendo um processo na busca pela independência energética:

– Projeto:

Para quem ainda vai construir, tenha o projeto como seu melhor aliado. É nesta etapa que você terá as melhores chances de unir eficiência, economia e conforto por toda a vida útil da construção. Com uma arquitetura bem pensada, diversas variáveis serão levadas em consideração para que, antes de tudo, o projeto faça sentido para o local escolhido e sejam adotadas as melhores soluções da arquitetura bioclimática;

– Natureza:

Use e abuse da iluminação e ventilação natural, sempre levando em consideração o conforto térmico e lumínico;

– Selo Procel:

É uma ferramenta simples e eficaz que permite ao consumidor conhecer, entre os equipamentos e eletrodomésticos à disposição no mercado, os mais eficientes e que consomem menos energia (http://www.procelinfo.com.br/main.asp?TeamID={88A19AD9-04C6-43FC-BA2E-99B27EF54632});

– Iluminação:

Apesar de serem ainda um pouco mais caras, as lâmpadas de LED têm rendimento superior às fluorescentes compactas mais comuns no mercado. A procura por essa tecnologia cresce rapidamente à medida que se comprova maior redução no consumo de energia, maior durabilidade e melhor qualidade da luz no ambiente;

– Aquecimento solar de água:

Chuveiros elétricos podem representar mais de 25% de uma conta de energia. Uma alternativa viável é a instalação de um sistema de aquecimento solar da água, dimensionado corretamente e feito por profissionais especializados;

 


– Hábitos de consumo:

Usuários conscientes fazem a maior diferença! Desligamentos de aparelhos e lâmpadas, regulagem de termostatos e redução no tempo de banho, são apenas alguns exemplos de bons hábitos a serem exercitados pela família;

– Automação residencial:

A instalação de medidores individuais para monitoramento do consumo associada à integração e automatização de controles de iluminação, sensores de luminosidade e de presença, controles de climatização, etc, podem eliminar o desperdício de energia e ajudar na gestão energética da residência. Alguns softwares e aplicativos criados para auxiliar os consumidores na gestão energética também já estão disponíveis no mercado;

– Geração de energia no local:

Após tomadas as medidas de eficiência energética mais convencionais que ajudarão muito na redução da conta mensal, chegou o momento de suprirmos o restante gerando nossa própria energia. Ou seja, a geração distribuída no Brasil, definida pela ANEEL através da Resolução Normativa 482/2012 e aperfeiçoada pela Resolução Normativa 687/2015, válida desde março de 2016, permite que qualquer unidade consumidora tenha sua própria geração de energia.

Por exemplo, um sistema de placas fotovoltaicas tem se mostrado um investimento cada vez mais atrativo para quem quer diminuir sua dependência da concessionária. Segundo uma pesquisa realizada pela Greener (http://www.greener.com.br/analise-estrategica-mercado-fotovoltaico-de-geracao-distribuida-2o-semestre2017/) e apresentada em julho deste ano, houve redução média de 29,41% dos preços de sistemas fotovoltaicos ao cliente final nos últimos 12 meses e a tendência é continuar caindo.

Ou seja, o investimento feito nessa tecnologia tem apresentado payback em torno de 5 anos, sendo que a média de durabilidade das placas é de 25 anos. No caso de geração maior que o consumo, o sistema de compensação de energia permite que o excedente vire créditos (em kWh) na próxima fatura. No caso de condomínios, há possibilidade de utilização da geração no local e distribuição das cotas de crédito entre os condôminos;

Relacionado: Conheça Passo a passo da instalação fotovoltaica 

– Geração de energia remota:

Como alternativa àqueles que não podem gerar energia no próprio local, há possibilidade de participação em cooperativas ou consórcios que alugam uma infraestrutura de produção de energias renováveis que, por sua vez, transfere os créditos de energia para esse grupo de consumidores, desde que estejam localizados na mesma área de concessão da distribuidora de energia.

Outra solução desse modelo é através do autoconsumo remoto, onde a geração é feita em uma unidade e o consumo em outra unidade do mesmo titular.

Independência Energética solar

O mercado de energia solar no Brasil tem crescido de forma exponencial nos últimos anos.

A tendência é que essa fonte de energia renovável movimente cerca de R$100 bi até o ano de 2030. De acordo com o relatório [R]Evolução Energética do Greenpeace Brasil, o governo estima que o país poderá ter 1,2 milhão de sistemas de geração distribuída conectados à rede até 2024 e 118 GW de potência instalada até 2050 e acredita que o potencial da energia solar está nos telhados dos brasileiros.

Aliado às devidas políticas públicas, o Brasil poderia ter 1 milhão de telhados com painéis fotovoltaicos instalados até o final de 2020. (http://www.greenpeace.org/brasil/Global/brasil/image/2015/Dezembro/2016/Revolu%C3%A7%C3%A3o%20Energ%C3%A9tica%202016.%20Greenpeace%20Brasil.pdf)

Portanto, a independência energética da população está associada à uma revolução energética, onde fontes de energias poluidoras e não-renováveis são gradualmente substituídas pelas energias limpas e renováveis.

Países desenvolvidos como a Alemanha, já vivem essa realidade intensamente, onde a participação da população é extremamente relevante na produção de sua própria energia.

Sejam motivados pela economia gerada ou pela consciência ambiental, o fato é que os consumidores devem ter o poder de avaliar, gerenciar, economizar e decidir sobre o próprio consumo de energia sem ignorar a realidade da independência energética, a qual traz mais liberdade e sustentabilidade não somente para seus bolsos, mas também para o planeta que vivemos.

Matéria enviada pela arquiteta Danielle Garcia – LEED AP BD+C, consultora de sustentabilidade para edificações e sócia co-fundadora do Enguia Energia

 


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